ATA DA DÉCIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 30.03.1994.

 

 


Aos trinta dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Oitava Sessão Ordinária da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado, Divo do Canto, Eliseu Santos, Eloi Guimarães, Fernando Zachia, Geraldo de Matos Filho, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jair Soares, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Gomes, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Edi Morelli, Letícia Arruda e João Bosco. Constatada a existência de “quorum”, O Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Décima Sétima Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foi encaminhado, pelo Vereador Pedro Américo Leal, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/94, da Câmara Municipal de Vereadores de Barros Cassal, 04/94, da Direção do Colégio Farroupilha, 27/94, do Movimento de Crianças Amigas da Zona Norte, 32 e 33/94, do Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 216/94, da Câmara Municipal de Ribeirão Preto, 246/94, da Associação Comercial de Porto Alegre, 261/94, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, 548, 550 e 553/94, do Gabinete do Governador do Estado do Rio Grande do Sul, 1118/94, da Câmara Municipal de Tupã, 153, 155 e 160/94, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; Cartões do Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, do Secretário do Planejamento Territorial e Obras, do Deputado Cezar Schirmer, do Comando da 3ª Região Militar. A seguir, o Senhor Presidente registrou as presenças, na Casa, dos Senhores Darci Campani e Luis Antonio Grassi, respectivamente, Presidente e membro do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, que compareciam na Casa nos termos do Requerimento nº 52/94(Processo nº 425/94), de autoria do Vereador Darci Campani. Na oportunidade, informou que, quando da votação deste Requerimento pela Casa, era Presidente do referido Comitê o Senhor José Mariano Garcia Mota, licenciado desde o dia vinte e oito do corrente, ocasião em que assumiu o Senhor Darci Campani. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Antonio Grassi, que discorreu sobre a ação do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, falando da importância da Bacia do Rio Gravataí para o abastecimento de água em Porto Alegre. Neste sentido, atentou para a necessidade do acompanhamento, pela Cidade, de tudo o que ocorre no território formador do Rio Gravataí, através da preocupação constante com as questões referentes à preservação, melhoria da qualidade e uso das águas desse rio. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença dos visitantes e registrou o recebimento do Ofício nº 128/94, do Vereador Artur Zanella, que solicita a prorrogação de sua licença, nos termos do artigo 68, I, da Lei Orgânica Municipal. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 13/94, discutido pelos Vereadores João Dib e Antonio Hohlfeldt; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 160/93, 11 e 15/94, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 04/94, o Projeto de Lei do Executivo nº 14/94 e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/94. Em continuidade, o Senhor Presidente informou que, face ao Requerimento nº 80/94 (Processo nº 579/94), de autoria do Vereador Luiz Braz, o GRANDE EXPEDIENTE da presente Sessão seria destinado a homenagear o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, registrando a presença, na Mesa dos trabalhos, do Doutor Raul Pont, Vice-Prefeito de Porto Alegre, representando o Prefeito Tarso Genro, da Senhora Haidê Allegretti Venzon, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, do Desembargador Tupinambá Nascimento, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, do Doutor Afonso Armando Konzen, representante do Ministério Público Estadual e da Procuradoria Geral da Justiça, da Senhora Sandrali Bueno, Presidente do Movimento Assistencial de Porto Alegre, Senhora Eveline Streck, representando a Secretária de Educação do Estado do Rio Grande do Sul. Também, como extensão da Mesa, registrou as presenças, no Plenário, da Senhora Judite Dutra, Primeira Dama do Município de Porto Alegre, do Engenheiro José Giovani da Silva, representante da Associação de Creches Comunitárias, da Senhora Varna Gerhardt, representando a Pastoral do Menor, da Senhora Eroni Souza Barbosa, representando a Obra Social Santa Luiza - Vila Farrapos, da Senhora Elisabete Raimundo, representando a Comissão Coordenadora do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, da Senhora Maria da Graça Martins Gama, representando a Associação de Creches Beneficentes do Rio Grande do Sul e a Sociedade Beneficente Creche Mamãe Margarida, da Senhora Lília Rodrigues Alves, representando o Lar de São José, do Professor James Vidal da Silva, representando a Pontifícia Universidade Católica, da Doutora Estela Maris Simon, representando o Chefe de Polícia e a Divisão para o Menor da Polícia, da Senhora Mariangela Bairros, representando a Secretaria Municipal de Educação, da Senhora Marilene Otton, representando o Serviço Social da Indústria, da Senhora Clair Charqueiro, representando o Conselho Geral do Menor, CGM. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para se manifestarem acerca da solenidade. O Vereador Luiz Braz parabenizou-se com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,pelo transcurso do seu terceiro aniversário, atestando a melhoria que o mesmo representou para a assistência à comunidade infanto-juvenil. Também, lembrou debates efetuados na Casa, os quais resultaram na concessão de vencimentos para os integrantes desse Conselho, apoiando tal medida, tendo em vista que os Conselheiros afastam-se de suas atividades para prestar um melhor atendimento à população. A Vereadora Maria do Rosário discorreu sobre a contribuição da Entidade homenageada para a defesa da criança e do adolescente, através da realização de um trabalho incansável na busca de melhores condições de vida para a população infanto-juvenil. Ainda, disse que as elites econômicas comprometem o presente e o futuro do País, sendo necessário intervir no sistema de poder desses grupos voltados somente para o lucro próprio. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Jocelin Azambuja procedeu a uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dizendo que o mesmo não apresenta os vícios estruturais apresentados por tantas entidades com fins semelhantes. Destacou sua frustração pelo quadro hoje apresentado pela assistência infanto-juvenil, lamentando que não possamos apresentar uma visão otimista para o futuro das nossas crianças. O Vereador Décio Schauren disse serem o poder público, a sociedade e a família os responsáveis pela atual situação da criança abandonada em nosso País, destacando estarmos muito longe de assegurar o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente. Cumprimentou os integrantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente pelas vitórias obtidas até o momento, pois iniciaram seu trabalho sem nenhuma infra-estrutura e, hoje, já possuem sede própria e conseguiram encaminhar toda uma atuação em benefício da criança carente. A Vereadora Clênia Maranhão declarou que este Legislativo e a Entidade homenageada não poderiam estar separados na presente data, quando se busca o resgate de uma história de três anos de luta pela aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Finalizando, destacou o penoso e inovador que foi a implantação e a eleição do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. O Vereador Isaac Ainhorn disse que a presente homenagem serve como momento de reflexão acerca da criança e do adolescente em nosso País, salientando que essa é uma questão de abrangência supra-partidária. Ainda, invocou os estatutos do Partido Democrático Trabalhista, os quais colocam a criança como prioridade, lembrando o muito que há para fazer em benefício da comunidade infanto-juvenil. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Senhora Haidê Allegretti Venzon, que discorreu sobre a importância da participação de todos na busca do encaminhamento de medidas que viabilizem a concreta implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente. Analisou as dificuldades enfrentadas pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, destacando serem elas menos de nível técnico do que de nível político e solicitando o apoio da Casa para que sejam amenizados os problemas enfrentados por nossas crianças. Em continuidade, foram entregues aos Senhores Vereadores, por representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, cópias de edição de bolso do Estatuto da Criança e do Adolescente e, ainda, foram apresentados números artísticos por integrantes do Grupo Teatral “Grita Criança” e do Conjunto Musical “Pagode”. Às dezesseis horas e dezenove minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos do artigo 143, II do Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de “quorum”, às dezesseis horas e vinte e cinco minutos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Milton Zuanazzi teceu comentários sobre o movimento de mil novecentos e sessenta e quatro, que resultou na instauração de ditadura militar no País, analisando-o sob o prisma da questão internacional e dizendo fazer ele parte de toda uma articulação por parte do capital norte-americano na política latino-americana. Salientou que o jogo de dominação dos Estados Unidos na sociedade atual continua, ainda que modificado, sendo hoje embasado em uma teoria de liberalismo e em um projeto de sucateamento da economia naciona e das “forças vivas” do País. Disse que os instrumentos de poder não estão mais nas casernas, mas fazem parte da ideologia liberal vigente, sob uma camuflagem de teor falsamente “democrático”. O Vereador Eloi Guimarães falou sobre a passagem dos trinta anos do Golpe Militar de mil novecentos e sessenta e quatro, declarando que a data presta-se a uma reflexão sobre tal Golpe. Defendeu o sistema democrático como o que,mesmo contendo problemas ainda não solucionados, é o regime político que melhor se encaminha em termos de busca da liberdade e da igualdade para uma Nação. Lembrou que a ditadura, venha de onde vier, deve ser clara e inequivocamente negada pela comunidade, para que seja alcançado o ideal de fraternidade e união brasileira. O Vereador Lauro Hagemann disse já não existir a viabilidade de repetição do Golpe Militar de mil novecentos e sessenta e quatro, tendo em vista que o mundo sofreu modificações de tal influência no homem e na sua concepção de vida que só futuramente poderá ocorrer uma clara avaliação do real significado dessas mudanças. Disse estar preocupado com o realinhamento de forças hoje observado junto às elites dominantes do País, atentando para a importância da ampliação dos espaços democráticos e defendendo a democracia participativa como meio de envolver toda a população na política brasileira. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Maria do Rosário falou sobre o Golpe Militar de mil novecentos e sessenta e quatro, destacando a necessidade de que a ditadura militar seja analisada dentro de um contexto histórico, onde vemos um violento corte da liberdade de um povo que lutava pelo direito de ser ouvido em suas reivindicações. Lembrou, em especial, as famílias que tiveram integrantes desaparecidos durante a luta contra a ditadura, registrando ter encaminhado projeto autorizativo visando a construção de um monumento em memória dos desaparecidos durante o período de ditadura militar no Brasil. O Vereador João Dib reportou-se aos pronunciamentos hoje efetuados na Casa, sobre o movimento militar de mil novecentos e sessenta e quatro, dizendo ter ele ocorrido em um momento em que era inevitável e contraditando afirmações feitas pelos Senhores Vereadores, de que tal movimento teria prejudicado o desenvolvimento político do País. Reportou-se ao pronunciamento da Vereadora Maria do Rosário, de defesa da construção de um monumento em memória dos desaparecidos durante o período militar, lembrando que muitas pessoas foram igualmente mortas por aqueles que lutavam contra o movimento militar. O Vereador Antonio Hohlfeldt teceu comentários sobre a presença militar na história brasileira, declarando ter, em mil novecentos e sessenta e quatro, ocorrido não uma revolução mas um golpe, por não representar os anseios da maioria da população. Disse observar-se hoje a uma tentativa de acomodação das forças políticas, declarando-se radicalmente contrário a qualquer coligação que venha a levar o Senhor Fernando Henrique Cardoso a uma postura “anti-Lula e anti-povo”.Atentou, contudo, para as posições maniqueístas muitas vezes assumidas por alguns grupos de esquerda. Finalizando, lembrou os nomes de João Carlos Hass Sobrinho e de Luiz Eurico Ferreira Lisboa, que pagaram com suas vidas o sonho pelo resgate de um país novo. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 109/93 que, a Requerimento, aprovado, do Vereador Jocelin Azambuja, teve adiada sua discussão por uma Sessão. Após, foi apregoada a Emenda nº 03 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93 (Processo nº 2454/93), de autoria do Vereador Henrique Fontana, e foi aprovado Requerimento do Vereador Milton Zuanazzi, solicitando que as Emendas nºs 02 e 03 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93 sejam dispensadas do envio para apreciação das respectivas Comissões. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93, com ressalva das Emendas a ele apostas, por vinte e três Votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ter sido discutido pelos Vereadores Jocelin Azambuja, João Dib, Milton Zuanazzi, José Gomes e Clóvis Ilgenfritz, tendo votado Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clênia Maranhão, Clóvis Ilgenfritz, Décio Schauren, Eloi Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, João Motta, João Verle, José Gomes, Lauro Hagemann, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Wilton Araújo, Letícia Arruda, João Bosco e Antonio Hohlfedlt, optado pela Abstenção o Vereador João Dib e tendo sido, este Projeto, submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Luiz Braz. Após, foram aprovadas as Emendas nºs 01, 02 e 03, apostas ao Projeto de Lei do Legislativo nº 127/93. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados os Projetos de Lei do Legislativo nºs 141/93 e 03/94. Ainda, foram aprovados os Requerimentos dos Vereadores Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila e Guilherme Barbosa, solicitando que os Projetos de Lei do Legislativo nºs 127 e 141/93 e 03/94, respectivamente, seja dispensados da votação de suas Redações Finais. Em continuidade, foram aprovados os seguintes Requerimentos de Votos de Congratulações: do Vereador Antonio Hohlfeldt, subscrito pelos Vereadores João Dib, Clóvis Ilgenfritz e Isaac Ainhorn, com o Senhor Samuel Burd, pelo recebimento da Medalha Cidade de Porto Alegre; do Vereador Isaac Ainhorn, com as Senhoras Luci Gonçalves e Teresinha Eny Fontoura, pela elaboração da Cartilha de Política, e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo convite feito ao Professor Gerd Bornheim para proferir aula inaugural na Universidade; pelo Vereador João Bosco, com o Jornalista Juarez Fonseca e com os Senhores Geni Mascarello e Fernando Veronese, pelo recebimento das Medalhas Cidade de Porto Alegre, com a Velejadora Vivian Leke, pelo recebimento da Medalha de Ouro na Classe Europa no Pré-Pan-Americano de Vela em Mar Del Plata, na Argentina; do Vereador Jocelin Azambuja, de Voto de Congratulações com a Companhia Riograndense de Saneamento, pela passagem de seu aniversário; do Vereador Wilton Araújo, com a Diretoria do Clube Clarão de Lua Futebol Clube, por sua eleição. Também, foi rejeitado Requerimento do Vereador Milton Zuanazzi, de Voto de Congratulações com o Jornalista Augusto Nunes, pelas denúncias de oferta de suborno a sua pessoa e à proposta de instalação de uma CPI na imprensa, conforme divulgado em entrevista ocorrida durante o programa radiofônico “Atualidade”, do Jornalista Armindo Antônio Ranzolin, por sete Votos SIM contra um Voto NÃO e oito ABSTENÇÕES, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Milton Zuanazzi e Antonio Hohlfeldt, tendo votado Sim os Vereadores Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, João Bosco e Eloi Guimarães, este com Declaração de Voto, votado Não o Vereador Mário Fraga e optado pela Abstenção os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, João Dib, João Verle, José Gomes, Maria do Rosário, Décio Schauren e Henrique Fontana. Ainda, foi apregoado Requerimento do Vereador Jocelin Azambuja, de Votos de Congratulações com o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, pela concessão do Título de Conselheiras Honorárias às Senhoras Ione Pacheco e Magda Renner, Requerimento este encaminhado à votação pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Maria do Rosário e João Bosco e que deixou de ser votado face à inexistência de “quorum”. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos por dois minutos, nos termos do artigo 143, I do Regimento Interno, e o Senhor Presidente respondeu questões de Ordem dos Vereadores Maria do Rosário e João Bosco, acerca do artigo 217 do Regimento Interno, tendo o Vereador João Bosco solicitado a retirada, de seu pronunciamento, de expressões anti-regimentais. Durante a Sessão, os trabalhos foram prorrogados, nos termos do artigo 145 do Regimento Interno, por proposta do Senhor Presidente, aprovada pela maioria dos presentes. Às dezenove horas e quatro minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Airto Ferronato, Wilton Araújo e Jocelin Azambuja, este nos termos regimentais, e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo, Letícia Arruda e Jocelin Azambuja, os dois últimos como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Wilton Araújo, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.              

 

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia fiel do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Srs. Vereadores, hoje teríamos o comparecimento do Sr. José Mariano Garcia Mota, Presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, que prestaria esclarecimentos sobre o funcionamento do referido Comitê, de acordo com o Processo nº 0425/94 - Requerimento 052/94 - de autoria do Ver. Darci Campani. Porém, o Sr. José Mariano Garcia Mota está licenciado da Presidência deste Comitê, assumindo em seu lugar os Srs. Luiz Antonio Grassi e Darci Campani. Então, temos um fato inusitado: um convite que foi feito pelo Ver. Darci Campani, cujo convidado não veio, terá como inquirido o próprio proponente.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, em defesa do Ver. Darci Campani e esclarecendo os colegas, devo dizer que o Presidente do Comitê da Bacia do Rio Gravataí se incompatibilizou da função para assumir uma candidatura nas próximas eleições. Na época do Requerimento do Ver. Darci Campani, não havia essa informação. O Ver. Darci Campani, como foi eleito em 1993, assume a Presidência. É preciso esclarecer que não foi nenhum jogo anteriormente montado.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): O Ver. Darci Campani convidou o Presidente para das algumas explicações. Falo em defesa do Ver. Darci Campani, pois ele queria explicações, e agora ele poderá dar essas explicações. Ele fez o convite e agora ele é o convidado.

 

O SR. PRESIDENTE: Faço uma sugestão a todos os Vereadores, acho que o assunto sobre o gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí interessa a todos. É verdade que deveria estar aqui o Sr. José Mariano Garcia Mota, mas, se o Ver. Darci Campani tem todos os requisitos necessários para dar as explicações ao Plenário, nós também podemos nos esclarecer a respeito desse assunto. O Ver. Darci Campani dará as explicações no lugar do Sr. José Mariano Garcia Mota, porque o Vereador está assumindo a Presidência do Comitê de Gerenciamento da Bacia da Rio Gravataí, e o Luiz Antonio Grassi vem na condição de Assessor Engenheiro da CORSAN e membro do Comitê.

O Ver. Darci Campani está com a palavra para esclarecer o Plenário a respeito do que está acontecendo com o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, na condição de Presidente do Comitê, quero dar um rápido esclarecimento, pois a solicitação de licença do Presidente só se deu hoje pela manhã, na reunião da Comissão Técnica, o que não poderia ser previsto, e também o pedido de espaço para que o Comitê viesse aqui explicar sobre sua ação na região. Isso é devido à própria presença da Câmara. A Câmara Municipal de Porto Alegre é membro do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí, e gostaríamos que a Câmara, como um todo, pudesse discutir melhor a participação do Comitê, e não apenas manter o seu representante. Como já estava previsto, mesmo que fosse o Presidente José Mota que viesse aqui, quem iria apresentar o trabalho do Comitê/Gravataí era o Engenheiro Luiz Antonio Grassi, da CORSAN, como membro da Comissão Técnica, também. Então, passo a palavra - se o Presidente da Mesa assim o entender - para o Engenheiro Luiz Antonio Grassi.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Engenheiro Luiz Antonio Grassi.

 

O SR. LUIZ ANTONIO GRASSI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Nós estamos aqui, na qualidade de membro da Comissão Técnica do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí para, de certa forma, tentar esclarecer alguns aspectos da atuação desse organismo e, também, chamar a atenção desta Casa para a importância que tem esse organismo para o corpo da água. Ele pretende contribuir para a administração, e tem importância para a comunidade de Porto Alegre, assim como para toda a sociedade gaúcha.

Eu sei que a questão da água é uma questão que, muitas pessoas, mesmo com a preocupação de servir aos interesses da comunidade, de se colocar como representantes da comunidade nas instâncias políticas, delegam aos técnicos para resolver a sua problemática, embora ela seja uma problemática crítica e extremamente grave nas atuais circunstâncias, principalmente no Rio Gravataí.

Para começar, o Rio Gravataí, embora seja o menor dos afluentes formadores do Guaíba, creio que é do conhecimento dos Senhores que o Rio Gravataí é fundamental para o abastecimento do Porto Alegre. Porque, pela situação física da sua confluência com os demais formadores do Guaíba, em grande parte as águas originárias do Gravataí são justamente as que bordejam as margens da Cidade e contribuem com grande parte do volume de água captada pelo Departamento Municipal da Água e Esgoto de Porto Alegre, para o abastecimento da Cidade. Então, tudo o que acontece com o Rio Gravataí interessa fundamentalmente à comunidade de Porto Alegre. Isto é um dado físico, que não se pode desprezar.

Em segundo lugar, é realidade de qualquer rio que tudo o que acontece num determinado ponto deste rio é determinado pelo que está ocorrendo mais a montante, desde as cabeceiras até aquele ponto. Portanto, ao se preocupar, a Cidade de Porto Alegre, com a qualidade da água que a abastece, o Município deve-se preocupar com o que acontece mais acima do rio. Porque o que acontece lá vem a ter incidência fundamental sobre as águas que são captadas para a Cidade.

Em terceiro lugar, é fundamental que passe a ser cada vez mais do conhecimento, do consenso da sociedade como um todo, fundamentalmente, dos seus representantes, tudo o que se passa no leito de um rio, no corpo de um rio é determinado pelos formadores do rio, ou seja, na sua bacia hidrográfica. É por isso que, hoje em dia, se chama a atenção para o que se chama de gerenciamento de um bacia hidrográfica, ou seja, o atendimento, a preocupação, o encaminhamento dos problemas de uso do solo, de atividades humanas, de atividades econômicas em uma bacia hidrográfica através de entidades oficiais, como os Comitês de Bacias; entidades oficiais, mas que reúnem também representantes da comunidade, das entidades associativas da região, da municipalidade e dos órgãos técnicos do Estado e dos Municípios.

O Comitê Gravataí é exatamente isso. Instituído em 1988, por decreto do Governo do Estado, reúne todas as Prefeituras da Bacia do Gravataí, que são oito; representantes das Câmaras de Vereadores, cada Câmara de Vereadores tem um representante neste organismo colegiado; representantes de associações de moradores; representantes de órgãos técnicos; associações profissionais. Enfim, de movimentos ecológicos e ambientalista que está presente desde o início e que tem alimentado esse debate, esse esforço.

Então, instituído em 1988 o Comitê Gravataí tem mantido uma continuidade efetiva de reuniões do seu Conselho Deliberativo, que é o organismo máximo, constituído por representantes de todas essas entidades, associações e comunidades, oficiais, ou não. É mantida uma reunião mensal para debater e discutir os problemas do rio e organizar e proporcionar um planejamento do uso dos rios. Eu devo dizer aos Senhores que o gerenciamento de uma bacia hidrográfica não é uma novidade, uma invenção de técnicos ou de políticos ou de movimento ecológico, é um recurso tecnológico que em vários países do mundo, tem-se mostrado cada vez mais eficiente, cada vez mais efetivo. E tem alcançado, como na França, Inglaterra, Estados Unidos, como em Países da América Latina, na Argentina ou em outros Países, resultados efetivos.

O Comitê da Bacia do Rio Gravataí, assim como o Comitê da Bacia do Rio dos Sinos são as experiências pioneiras no Brasil de comitês desse tipo. E, desde 1988, 1989 tem funcionado e tem alcançado resultados expressivos no monitoramento, ou seja, no acompanhamento da qualidade das águas que é o primeiro passo para o gerenciamento, e no encaminhamento de problemas localizados e, fundamentalmente, da aquisição de recursos e do planejamento de ações para preservar e melhorar, recuperar a qualidade das águas e para organizar os usos.

Nesse sentido, o Rio Gravataí, além de ser muito importante por contribuir para as águas que abastecem a Cidade de Porto Alegre, ele é fundamental para as Cidade de Alvorada, Viamão, Cachoeirinha que dependem exclusivamente do Rio Gravataí para o seu abastecimento. E, nesse sentido, diversas iniciativas do comitê como a criação de uma área de proteção ambiental, ou seja, de uma área de planejamento de atividades, não é uma reserva ecológica, não é uma área em que não vai haver atividade nenhuma, mas uma área bastante grande a montante da Bacia e organização de atividades, que se chama Área de Proteção Ambiental da Bacia do Gravataí, que ocupará, mais ou menos, um terço dessa Bacia, e que engloba, dentro do seu território, os banhadores do rio.

Esses banhadores, sim, que já foram deteriorados, agredidos e perdidos em mais de dois terços da sua extensão, pela incompetência do Poder Público de outros tempos, pelo uso indiscriminado, principalmente por parte de plantadores, e que também dependem do rio, e é o uso indevido de um recurso natural que acaba esgotando para os próprios usuários, futuramente. Então a idéia é organizar, é disciplinar, é planejar, é fiscalizar esse uso de uma forma participada, consensual, em que o Comitê é o fórum da discussão da organização desse planejamento, da dos recursos necessários, da avaliação de quanto essas medidas custarão e como esses recursos poderão ser proporcionados, gerados.

Então este é o trabalho que o Comitê Gravataí vem fazendo nesses cinco anos, se organizando, aprendendo, de certa forma, a existir, a coexistir com os órgãos e técnicos do serviço público, com as entidades comunitárias, com as municipalidades, com as Câmaras de Vereadores, na qual a Câmara de Porto Alegre tem também um papel relevante, e os órgãos técnicos públicos, como o DMAE, como a CORSAN, como a METROPLAN, como diversos órgãos e entidades do nível estadual, federal e Municipal, e, através, por enquanto, de um trabalho de comissões técnicas, tem-se ocupado com a questão dos resíduos sólidos nos Municípios, assessorando as Prefeituras, ajudando a encontrar soluções, a encontrar recursos junto a organismos nacionais ou internacionais de financiamento, de assessoramento técnico, preocupado também com a água subterrânea na região do Vale do Gravataí, que é muito importante, e que está severamente ameaçada, tanto no ponto de vista quantitativo, quanto no ponto de vista qualitativo. Tem-se preocupado, também, com o trabalho de comissões técnicas, com a avaliação da qualidade das águas, com a criação dessa área de proteção ambiental e com a construção de uma barragem no curso superior do rio, que servirá para várias finalidades, fundamentalmente para abastecimento das populações dos quatro Municípios que eu citei antes, Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí e Viamão, para regularizar as águas do Rio e torna-lo apto a receber esgotos tratados destas cidades e também contribui para uma recuperação gradual de áreas da montante, fundamentalmente dos banhados formadores do rio, que poderão ser auxiliados por barragem.

Então esses são os trabalhos básicos do Comitê Gravataí, que se insere numa luta maior, num esforço maior de técnicos, de organismos do Estado e dos Municípios e das comunidades, do movimento ecológico para criar no Estado do Rio Grande do Sul um sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos, do qual o Comitê de Gravataí e o Comitê dos Sinos e, agora, recentemente criado o Comitê da Bacia do Rio Santa Maria, na fronteira do Sul, são esses três Comitês as experiências piloto, de uma lado, e ponta de lança de um sistema que já tem uma proposta a ser discutida pelos legislativos municipais e estadual e aprovado pelos executivos e legislativo estadual. Então, é uma experiência técnica, não tecnocrática; é uma experiência em que se procura discutir assuntos complexos de um setor específico, de um setor complexo dentro de um enfoque adequado, de um enfoque competente, mas ao mesmo tempo aberto à participação das comunidades, dos movimentos comunitários, do movimento ecológico e de todas as instâncias políticas.

Neste sentido, então, nós vimos a esta Casa para esses esclarecimentos e colocar também o Comitê à disposição permanente, à serviço permanente da comunidade, representada por V. Ex.ªs, para todos os esclarecimentos e todo o auxílio que o Comitê puder prestar aqui para o futuro. Acho que era isso que gostaríamos de dizer e nos colocar à inteira disposição dos Senhores para os devidos esclarecimentos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer a presença do Dr. Luiz Antonio Grassi, que, como Engenheiro da CORSAN, vem para nos dar esse relato sobre o Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio Gravataí. Mais uma vez aquela explicação inicial de que o convite foi formulado para o Sr. José Mariano Garcia Motta, que teve que se afastar hoje, pela manhã, e em seu lugar está assumindo o Sr. Darci Campani. Agradeço a presença do Sr. Luiz Antonio Grassi. Muito obrigado. Registro a presença do Desembargador Tupinambá, que nos honra com sua presença.

Recebo pedido de Licença do Ver. Artur Zanella que, de acordo com o contido no Ofício datado de 03 de dezembro de 1993, encaminhado à Presidência desta Casa, e em atendimento ao disposto no artigo 218, inc. VIII, parágrafo 3º do Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, está prorrogando sua licença do exercício da vereança, com base no artigo 68, inc. I, parte final da Lei Orgânica pelo prazo de sessenta dias. O Ver. Artur Zanella atualmente ocupa a presidência da CRTUR. Claro que gostaríamos que ele retornasse à Casa, mas ele está fazendo um trabalho muito bom na CRTUR e os Vereadores, assim como toda a comunidade, são bem entendidos na CRTUR. Encaminho o pedido de Licença para a Diretoria Legislativa a fim de que seja feito o processamento.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0522/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 13/94, que cria o Fundo Municipal de Compras Coletivas, dispõe sobre sua execução e dá outras providências. (Com Emendas nºs 01 e 02.)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3109/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 160/93, do Ver. Mário Fraga, que altera a Lei nº 2902, de 30 de dezembro de 1965, que cria o Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB).

 

PROC. 0510/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 004/94, do Ver. Mário Fraga, que acrescenta parágrafo único ao artigo 19 da Lei Complementar nº 195, de 30 de dezembro de 1988 (Sistema de participação do povo no governo municipal.)

 

PROC. 0523/94 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/94, que altera o inciso I e acrescenta inciso ao artigo 1º da Lei nº 6417, de 30 de junho de 1989, que dispõe sobre o vale-refeição dos funcionários da Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 0525/94 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/94, que altera dispositivos da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989 e da Lei Complementar nº 308, de 28 de dezembro de 1993 e dá outras providências.

 

PROC. 0517/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 011/94, da Ver.ª Maria do Rosário, que denomina Acesso Guto Pereira um logradouro público localizado no Bairro Lajeado.

 

PROC. 0599/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 015/94, do Ver. Guilherme Barbosa, que altera a denominação de dois logradouros públicos no Bairro Agronomia.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje vou-me dirigir um pouquinho ao Ver. Lauro Hagemann porque quando eu quero, quero; quando não quero, não quero; quando quero canto e canto onde quero. Ontem houve um debate, aqui, sobre a FESC e sugeri que fosse votada em junho deste ano. O Ver. Lauro Hagemann disse que alguns Vereadores, como o Ver. João Dib, estavam propondo que se votasse em junho e até numa outra época.

Mas, eu, realmente, quando quero, quero; e quando canto é porque quero; e quero e canto onde eu quero. Eu tenho um passado bastante significativo de questões de ordem, formuladas neste Plenário, por exemplo, quando formulei um Questão de Ordem procurando saber por que se pagava a convocação extraordinária da Câmara, aí, terminou o pagamento da convocação extraordinária, porque não havia forma de responder à Questão de Ordem.

Podem dizer tudo o que quiserem, Lei Orgânica e quantos mais, mas em janeiro de 1989, formulei uma Questão de Ordem e terminou o pagamento da convocação extraordinária. Pouco tempo depois formulei uma Questão de Ordem que terminou com uma advertência ao Prefeito Olívio Dutra, feita pela Câmara Municipal. E, ontem, se assim, desejasse, eu querendo cantava aonde eu queria e formularia uma Questão de Ordem que, no mínimo, tumultuaria toda a pretensão da Administração Municipal de fazer uma nova formulação na FESC. Mas, o meu querido amigo José Valdir entendeu que eu não faria a Questão de Ordem. Portanto, Ver. Lauro Hagemann, eu quando quero, quero e canto onde quero. É que foi dito que o Ver. João Dib queria que fosse votado em junho, e é verdade! Eu quis mesmo, realmente quis.

Mas, hoje, evidentemente, é como eu quero e como eu não quero, preciso falar sobre o Fundo Municipal de Compras Coletivas. Eu não tenho, ainda, uma posição clara e definida sobre o Fundo Municipal da Compras Coletivas, mas há uma coisa que se chama experiência. Há cento e sessenta e quatro anos, o Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande já dizia que chega de leis e da importância de cumpri-las. A Lei deve ser fruto da razão e da luz e estas me dizem que este Fundo Municipal de Compras Coletivas, com a experiência que o passado mostra com a Companhia Municipal de Materiais pró-casa popular, que não funcionou, onerando o Município e o Estado e não beneficiando em nada os munícipes, talvez tenha luz e experiência para oferecer, na análise deste Projeto, que hoje corre Pauta pela primeira vez.

Tenho sérias dúvidas sobre a sua viabilidade. Estou aqui na tribuna, porque quero e não sou o quero-quero, estou cantando exatamente onde quero. Este Projeto deve ser analisado com muita preocupação, porque, de repente, ao invés de buscarmos uma solução para os munícipes de Porto Alegre, estaremos apenas onerando o erário Municipal.

 

O Sr. Giovani Gregol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de lembrar a V. Ex.ª que é típico do quero-quero cantar de um lado, quando o que interessa, no caso os ovos, estão do outro.

 

O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador e brilhante ecologista, eu fui absolutamente claro, eu canto onde quero e quando quero, e não sou o quero-quero. Estou cantando aqui e agora, dizendo que tenho dúvidas sérias e vou estudar com profundidade o Projeto de Lei aqui apresentado. Quando eu disse ao meu querido amigo Vereador Lauro Hagemann que formulasse uma Questão de Ordem ontem, tinha absoluta convicção de que seria igual às outras Questões de Ordem que eu tenho formulado neste Plenário. Eu posso até lembrar que eu disse que a passagem gratuita no último domingo do mês é absolutamente ilegal. E a Comissão de Justiça já me acenou que é absolutamente ilegal. Deveria ser feita por lei e não por decreto, ato ou portaria do Sr. Secretário Municipal, já que a “ZH”, hoje, diz que é decreto. Não é decreto, não sei se é ato ou o quê, porque foi um depois do outro. Mas nenhum dos dois vale nada. Não sou nenhum gênio. Por isso, canto quando quero e não sou quero-quero. Por isto estou dizendo que é uma necessidade muito grande ser analisado este Projeto que pode ter a melhor das intenções. Mas pode ser, à semelhança do da Companhia Municipal Pró-Construção da Casa Popular, uma deficiência a mais na Administração. Então estou querendo, neste momento, cantar exatamente aqui no Plenário, cantar exatamente aqui na tribuna.

Este Projeto deve ser muito bem analisado, deve ser muito bem pensado, deve ser muito bem lembrado. O nosso primeiro Presidente da Província da São Pedro do Rio Grande, cento e sessenta e quatro anos atrás dizia que leis não são tão necessárias, o que se necessita é o cumprimento da lei e que lei deve ser fruto da luz e da experiência. E a luz e a experiência me dizem - e não foi nenhum quero-quero que me disse, foi a luz e a experiência e talvez isto não funcione. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, sem querer ficar na ornitologia, já que o PSDB tem como símbolo o tucano, eu queria dizer ao Ver. João Dib, e já me havia expressado anteriormente sobre este Projeto das compras coletivas da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que, evidentemente, espero que S. Ex.ª possa estudar o Projeto com a atenção que S. Ex.ª sempre faz. E tenho certeza de que S. Ex.ª vai ficar muito tranqüilo nesta questão. Por um problema muito simples. Eu até cobrava, aqui, que a SMIC poderia ter feito justiça com este Vereador, que foi quem procurou a SMIC, por proposta de alguns companheiros do PT, no sentido de propor que a Prefeitura estendesse essa Comissão de Compras Coletivas, que hoje já funciona em relação aos funcionários da Prefeitura, estendesse essa comissão para que ela também pudesse funcionar em relação ao público em geral, vilas e associações de moradores de Porto Alegre. Fiquei muito satisfeito, porque passamos metade do semestre passado fazendo excelentes discussões com a SMIC, depois entramos no recesso de verão. Não retomei os contatos com o companheiro Moraes, e me vi surpreso com o Projeto aqui na Casa. De qualquer maneira, não é por isso que vou deixar de ter simpatia pelo Projeto. Ele é extremamente oportuno.

Fiz questão de apresentar duas Emendas ao Projeto, entendo que na formulação do Projeto há algumas pequenas impropriedades, do ponto de vista político-ideológico, dentro da própria lógica que o PT tem feito. Eu proponho a ampliação da representação popular no conselho que deve administrar o fundo; e que o Decreto que define as coisas seja assinado pelo Prefeito, mas analisado e discutido pelo mesmo conselho, que não está previsto no art. 9 do Projeto. De minha parte, eu acho que é um avanço. O companheiro que me trouxe essa proposta - Dirceu Messias - conheceu essa prática no Chile, no tempo do Presidente Salvador Allende, e entendia que isso era viável, hoje, em Porto Alegre, tendo em vista a infra-estrutura disponível pela Administração Popular. Eu também aposto nisso. Acho que entidades como as que a Ver.ª Clênia Maranhão preside, Federação de Mulheres, Associações Organizadas, podem-se vincular a esse Projeto, e nós teremos uma continuidade institucionalizada do que hoje faz a campanha do Betinho. E se for direto, através dessa campanha, ou seja, de existir essa Comissão, nós obrigaremos que aqueles mercadores regionais acabem baixando os preços ou melhorando o serviço para aquela população que acaba pagando mais caro do que muitos de nós que, ao irmos nos grandes supermercados, conseguimos uma negociação mais interessante na aquisição dos nossos produtos.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para acrescentar a V. Ex.ª, esse programa já está funcionando em dezenas de vilas da Cidade. É um programa que se amplia, que se expande, porque tem duas qualidades: o preço, cerca de 30% mais barato que nos supermercados, e a própria comunidade, o próprio grupo que define o que quer comprar. Não é uma cesta fechada, isso também é muito atraente.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: A idéia deste Fundo pode ser importante, porque vai propiciar a aquisição de máquinas de empacotamento, permitindo a aquisição em toneladas de produtos, como, por exemplo, arroz, feijão, que poderão ser empacotados diretamente pela própria central de compras. Isso significa comprar diretamente de uma empresa produtora e não, eventualmente, o que vai baratear ainda mais o procedimento do fornecimento desta mercadoria para as populações das nossas vilas, dos nossos bairros. Não é exatamente para aquela vizinha extremamente carente, não, é para o Bairro, normal, onde, realmente, as pessoas não dispõe de uma agência das grandes redes de supermercados e acabam sendo exploradas por aquele mercadinho, pelo barzinho da esquina, que cobra muito mais caro, porque se capitaliza às custas daquele freguês de caderno que, às vezes, não paga no dia-a-dia, paga no final do mês e a correção se dá muito mais do que a URV diária ou coisa parecida. Então, me parece que o Projeto é interessante, tem o meu apoio, podemos até fazer modificações. Eu próprio já apresentei duas Emendas. Acho que esta iniciativa é muito boa e o Ver. João Dib, uma vez examinando o Projeto, poderá até sugerir, internamente, na sua organização. Tenho certeza de que o Ver. Dib vai também aprovar esta idéia.

O Sr. Giovani Gregol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo, Vereador, e V. Ex.ª tem chamado atenção da importância deste programa, lembrando a autoria.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: E não sou eu, quero dizer mais uma vez, é um companheiro do PT, chamado Dirceu Messias, que apenas pediu que nós fizéssemos esta negociação com o Governo.

 

O Sr. Giovani Gregol: Mas eu queria apenas discordar num detalhe, que eu acho importante, não só os estabelecimentos de venda a varejo, não chamados de supermercados que exploram. Os supermercados exploram e exploram muito, Vereador. O aumento de preços que houve, por exemplo, de sessenta dias para cá, com a expectativa das mudanças, do pacote, que, aliás, não mudou nada! A inflação continua cada vez maior, é uma coisa escandalosa. Os supermercados também roubam, só queria dizer isso, o povo sabe.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Até aí, nós estamos de acordo. Eu apenas acho que nós estamos falando dos produtos que esta população de baixa renda compra. Normalmente, a política de uma grande rede de supermercados é baratear estes produtos e aumentar em outros produtos e, com isso, eles fazem um compensação de preços, basta V. Ex.ª fazer a consulta em tabelas publicadas, dia a dia, em nossa mídia. Existe aí uma política diferenciada, Vereador, onde quem tem um telefone pode telefonar a fazer uma consulta de preços. Existe a presença de grandes redes com macromercados que, efetivamente, se roubam em um loja, na outra - grande - fazem compensações, mas onde V. Ex.ª tem que ter um carro para chegar até lá e buscar o produto em grande quantidade.

Então, a classe média e a classe mais bem aquinhoada, que dispõe de transporte próprio, consegue sim, na grande rede, vantagens. Coisa que a população da vila não consegue. E aí acho que este Projeto é importante. É colocar na porta, dentro da Casa desse consumidor de menor porte, a possibilidade dele comprar com preços reais, com preços que não tenham o “plus” do atravessador e, sobretudo, no caso da formação do Conselho - como eu destacava -, a formação de um fundo significará aquisição de máquinas, aquisição de uma infra estrutura mais eficiente que vai diminuir mais o preço final. Cria uma certa pressão sobre aquele estabelecimento, que vai ser obrigado a trabalhar com preços reais ou fornecer vantagens do tipo, Ver. Gregol, que eu conheço: se um determinado supermercadinho lá na ponta da Cidade não entregava as compras a ninguém, agora comprou uma camionetazinha para entregar as compras. Então, o cidadão que não tem carro e que vai lá, sem pagar mais, recebe suas compras em Casa. São vantagens desse tipo que também contam, pois sabemos que o custo de um táxi, ou, de repente, carregar os pacotes num ônibus é complicado. Por aí que acho que o Projeto anda e por isso defendo, acho altamente positivo que o Executivo envie este Projeto à nossa discussão. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período do

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Grande Expediente de hoje é destinado a homenagear o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, nos termos do Requerimento nº 80/94, de autoria deste Vereador. Convidamos para compor a Mesa, o Ex.mo Sr. Vice-Prefeito, representando o Sr. Prefeito Municipal, Dr. Raul Pont, a Ex.ma Sr.ª Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Sr.ª Haidê Venzon; o Ex.mo Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Desembargador Tupinambá Nascimento; o Ex.mo Sr. representante do Ministério Público Estadual e da Procuradoria-Geral da Justiça, Dr. Afonso Armando Konzen; a Ex.ma Presidente do MAPA, Sr.ª Sandrali Bueno; a representante da Secretária de Educação do Estado, Neuza Canabarro, Professora Eveline Streck.

Está presente nesta Casa a Sr.ª Judite Dutra ex-Primeira dama deste Município, que nos honra muito com a sua presença. Mais uma vez, muito obrigado pela presença nesta Casa.

Eu vou fazer uma consulta inicial, para ver se o Ver. Lauro Hagemann, inscrito no Grande Expediente, não está presente; Ver.ª Letícia Arruda, eu estou lhe consultando se V. Ex.ª vai falar nesta Sessão em homenagem ao Conselho. Ver. Luiz Negrinho, não se encontra presente; Ver.ª Maria do Rosário já me confirmou que falará nesta homenagem; Ver. Mário Fraga e Ver. Milton Zuanazzi. O Ver. Milton Zuanazzi solicita um esclarecimento.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Antes que nossos convidados saibam, essa foi uma decisão RECENTE a ocorrer nas Sessões Solenes. É a primeira que estamos fazendo. V. Ex.ª está colocando que a gente fala sobre um tema ou outro. Eu gostaria de me referir a este tema e ao outro também.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós avisamos no início o seguinte: quem for falar sobre este tema, fala primeiro, porque já está aqui na relação dos oradores. Quem for falar sobre outro tema, não fala nesta Sessão e usa o tempo quando terminarmos a homenagem.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Eu falo por segundo, Sr. Presidente.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Sr. Presidente, eu não sabia da Sessão e nem dessa nova norma da Casa. Então, eu vou passar o meu tempo para o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Eu gostaria de usar o tempo de Liderança para fazer a homenagem.

 

O SR. PRESIDENTE: Está bem.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu gostaria de saber se os Vereadores que não estão previstos no Grande Expediente têm a possibilidade de falar sobre esse assunto.

 

O SR. PRESIDENTE: Somente se tiverem tempo cedido por Vereadores presentes ou então se usarem o tempo de Liderança, assim como está fazendo o Ver. Jocelin Azambuja.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Muito obrigada.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, eu tenho entendido que nova norma da Casa está começando a vigorar, mas também tinha entendido que os que não quisessem falar na Sessão de hoje, teriam seu tempo preservado para a Sessão seguinte. Eu deferiria o meu tempo de hoje a V. Ex.ª Para falar em meu nome na Sessão de homenagem aos Conselhos e gostaria de preservar o meu tempo para uma sessão futura, se for o caso.

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Poder ser até hoje mesmo Vereador, logo depois nós prosseguiremos o Grande Expediente. Quero cumprimentar as autoridades presentes: o Ex.mo Sr. Vice-Presidente Dr. Raul Pont, representando o Prefeito Municipal.; Ex.ma Sr.ª Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Sr.ª Haidê Allegretti Venzon; Ex.mo Sr. representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Desembargador Tupinambá Nascimento; Ex.mo Sr. representante do Ministério Público Estadual e da Procuradoria-Geral da Justiça, Dr. Afonso Armando Konzen; Ex.ma Sr.ª Presidente do MAPA, Sandrali Bueno; Sr.ª Professora Eveline Streck, representando a Secretária Estadual de Educação, Neuza Canabarro. Srs. Vereadores, ainda temos como extensão da Mesa o Professor James Vidal da Silva, representando a PUC; Dr.ª Estela Maris Simon, representando o Chefe de Polícia e a Divisão para o Menor da Polícia; Sr.ª Mariangela Barros, representando a Secretaria Municipal de Educação; Sr.ª Marilene Otton, representando o SESI; Sr.ª Clair Charqueiro, representando o CGM; Sr.ª Elizabete Raimundo, representando a Comissão Coordenadora do Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Sr.ª Maria da Graça Martins Gama, representando a  Associação de Creches Beneficentes do Rio Grande do Sul e a Sociedade Beneficente Creche Mamãe Margarida; Sr.ª Lília Rodrigues Alves, do Lar de São José; o Engenheiro José Giovani da Silva, representando a Associação de Creches Comunitárias; Sr.ª Varna Guerhardt, representando a Pastoral do Menor; Sr.ª Eroni Souza Barbosa, representando a Obra Social Santa Luíza da Vila Farrapos e a nossa amiga, que já citamos, Sr.ª Judite Dutra; Senhoras e Senhores, eu peço licença para não ocupar a tribuna e falar daqui mesmo, da Presidência.

Nós chegamos até a ser relutantes quando nos foi solicitado que abríssemos este espaço a fim de prestarmos esta homenagem ao aniversário do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Eu explico por quê.

Nós temos discutido, ao longo dos tempos, a respeito dessa política sobre a criança e o adolescente, criada há algum tempo, e, muitas vezes, nas discussões que travamos nesta Casa, os oradores não pouparam críticas àquilo que está acontecendo na atualidade. Por isso, eu procurei averiguar bem o que estava acontecendo a fim de que pudéssemos realmente prestar uma homenagem a este Conselho. E eu me convenci. Ora, se o que está acontecendo agora não é ainda o ideal, se o que nós temos agora não é ainda aquilo que nós queremos, já é melhor do que aquilo que existia. Precisa haver reparos? Claro que sim. Esta Casa, por exemplo, tem discutido muito um dos reparos que tem que ser feito e que nós, até agora, não conseguimos encontrar uma solução, não por causa da legislação municipal ou estadual, mas porque a legislação federal, quando saiu, não deixou uma brecha para que pudéssemos, por exemplo, legislar sobre remuneração dos Conselheiros.

Nós, aqui, tentamos fazer um exercício muito grande para encontrar um caminho a fim de que essas pessoas que trabalham durante todo o dia, durante a noite, por meses a fio, em prol da criança, pudessem ter ressarcido o seu trabalho. E conseguimos, mais ou menos, dar uma certa mascarada na Legislação. Encontramos um caminho que talvez não seja o ideal, foi contestado, inclusive, por muitos Vereadores desta Casa, mas foi um caminho, porque, afinal de contas, não podíamos deixar o Conselho sem uma remuneração. Eram pessoas que haviam sido eleitas para determinada função, e que deixaram seus afazeres para se dedicar exclusivamente ao cuidado das crianças e dos adolescentes.

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente está completando três anos de implantação. Previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente tem história e fez história em Porto Alegre, um dos primeiros Municípios a cumprir a Lei Federal nº 8.069 de 1990. Esta Casa o criou e o homenageia neste momento, buscando refletir sobre seu papel e sua função social, uma caminhada construída com as dificuldades rotineiras que permeiam todo o processo pioneiro: lutar pelos direitos das crianças e adolescentes, especialmente por aquelas em estado de risco; olhar de frente as veias abertas de uma população em estado de fome, miséria, considerando as crianças e adolescentes uma prioridade absoluta. Essa nos parece ser a única receita eficaz para a construção de uma sociedade menos injusta, mais solidária e fraterna.

É um desafio, não apenas para o Conselho, mas para todos nós. Como é um trabalho e processo, muito ainda há para ser feito no sentido de divulgar, comprometer o Poder Público e os cidadãos, de um modo em geral.

O Legislativo de Porto Alegre está aberto, é presente, é parceria constante para que haja a transformação desejada, para que Porto Alegre seja um lugar melhor para se viver. Queremos parabenizar o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a todos nós cidadãos engajados nesta jornada, que exige coragem e, especialmente, muita dedicação. Parabéns a todos aqueles que estão presentes nesta luta. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com a Ver.ª Maria do Rosário, em Grande Expediente.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz; Ex.mo Sr. Vice-Presidente, Raul Pont; Ex.ª Sr.ª Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Haidê Venzon; demais autoridades que compõem a Mesa, que participam deste momento importante para a nossa Câmara Municipal, em homenagem ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Srs. Vereadores e Vereadoras; população que participa conosco e demais autoridades. Porto Alegre está mesmo de parabéns pelos três anos de existência do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e parabenizo a Cidade, eu quero parabenizar todas as pessoas que fazem o trabalho na frente das câmaras ou atrás, anonimamente, tantas vezes na defesa da criança e dos adolescentes que vivem em nossa Cidade e que merecem todos os direitos que lhes são negados todos os dias.

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e dos Adolescentes, Srs. Vereadores, tem contribuído enormemente na elaboração de política, em nosso Município, de defesa da criança e do adolescente. Destacam-se nas atividades do Conselho, nesses três anos, a implantação dos Conselhos Tutelares, bem como a ampla divulgação que vem fazendo do Estatuto da Criança e do Adolescente, um instrumento fundamental para o respeito das nossas crianças como cidadãos no Brasil de nossos dias.

Apesar do reconhecimento que temos do incansável trabalho que os membros do Conselho vêm realizando, sensibilizando a sociedade, buscando aliados, trabalhando parcerias na defesa da criança, é inegável que a cada dia que passa mais dificuldades encontramos para alcançarmos uma vida digna, uma vida de respeito, uma vida adequada a nascer a crescer com liberdade e com dignidade. Cresce o número da crianças vítimas de violência, talvez, e, provavelmente, na mesma proporção em que cresce o desemprego e ignorância do nosso meio. A responsabilidade pela situação de abandono em que vivem nossas crianças e adolescentes é preciso ser apurada. Não basta somente nós trabalharmos nas conseqüências, nós trabalharmos em ações resgate dessas crianças e adolescentes.

É preciso, de uma vez por todas, que cerremos fileiras com o objetivo de enfrentar  aquelas que são as causas do abandono dos filhos dos trabalhadores e da gente empobrecida deste País. A responsabilidade é claramente das elites deste País que ocupam os espaços de poder com o objetivo único de viverem benefícios que só servem para si. Nos enchem de vergonha e comprometem o presente, o momento do nosso País e a possibilidade de um futuro independente e digno para o Brasil.

São culpadas as elites pela formação dos grupos de extermínio no Norte, no Centro-Oeste, no Nordeste, na grande Porto Alegre e na nossa Cidade.

São culpadas pela prostituição de crianças e adolescente. Segundo dados oficiais são quinhentos mil, mas, segundo a UNICEF já passam de dois milhões.

São culpadas pelos setecentos e cinqüenta mil jovens adolescentes que, a cada ano, são forçados a enfrentar situações de aborto em clínicas clandestinas, muitas delas chegando à morte.

São culpadas de sete milhões de crianças fora das escolas e de lhes ser negado o acesso à instrução e desenvolvimento digno e harmonioso e de ter consubstanciado seu próprio direito de vida independente.

São culpadas, e é preciso que se diga isso para que o povo brasileiro opte por um novo caminho se quiser resolver o problema das crianças e dos adolescentes para além dos programas nacionais com os quais temos cerrado fileiras.

É preciso enfrentarmos e discutirmos a realidade com os que ocupam espaços de poder com objetivos próprios e de favorecimento voltados ao lucro, ao capital financeiro como o segmento que hoje se encontra no poder, com radicalidade, sobretudo os que ocupam os espaços de poder com objetivos próprios e de favorecimento de grupos voltados somente ao lucro e ao capital financeiro, como, por exemplo, o segmento que hoje se encontra no poder com responsabilidade sobre tudo o que ocorre com a população brasileira.

Ao invés de enfrentarmos e resolvermos a situação, ela se agrava quando, ano após ano, as elites vêm apresentar planos econômicos que só contribuem com a transferência de riqueza do povo trabalhador para si próprias; quando os pagamentos de serviços das dívidas interna e externa do País consomem 64% do Orçamento da União e vemos cortados os financiamentos para a solução dos problemas sociais.

Fica aqui a nossa indignação ao lado dos cumprimentos à nossa Cidade por tudo o que tem sido feito com a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente pela incansável batalha no cotidiano de trabalho na defesa dos direitos do cidadão: criança e adolescente da nossa Cidade. Fica a reflexão de que é muito importante hoje pensarmos a Nação Brasileira na perspectiva de invertermos essa ordem social e conquistarmos novos espaços para que os direitos dessa população sofrida pelas elites venham a ser garantidos a partir do dia de hoje. Isto pela defesa do Estatuto, pelas ações contrárias à revisão constitucional e pelas ações que são feitas em defesa da Nação, da sua soberania e contra a ingerência internacional que é realizada sobre a nossa economia e sobre o povo brasileiro.

Meus parabéns ao Conselho Municipal e conte conosco, desta Casa, para a realização da Conferência Municipal de Políticas da Defesa da Criança e do Adolescentes e para todos os programas que possam ser realizados em parceria com o Conselho. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Sr. Jocelin Azambuja está com a palavra, em tempo de Liderança.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Ilustre Ver. Luiz Braz, o autor desta homenagem ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, demais autoridades já nominadas aqui nesta Mesa.

Pedi este tempo de Liderança do Partido Trabalhista Brasileiro, porque sentia a necessidade de fazer uma reflexão, neste momento de homenagem, que significa um avanço em termos de discussões dos problemas que envolvem as crianças e os adolescentes no nosso Município.

Ao mesmo tempo em que se faz essa homenagem, se faz uma reflexão do trabalho que todos desenvolvem em benefício da criança e do adolescente. O nome da criança e do adolescente tem sido usado muito neste País para garantir o emprego de muita gente, para garantir a constituição de inúmeras entidades, para fazer com que se criem monstros imensos que estão aí, LBA, FEBEM, MAPA, em extinção, e tantas entidades não governamentais, entidades de toda ordem que atuam na esfera do atendimento da criança e do adolescente.

Quando lembro do número de crianças e adolescentes infratores aqui em Porto Alegre, lembro do depoimento do Dr. Marcelo perante a Comissão que presidimos aqui nesta Câmara, Comissão dos Conselhos Tutelares. Ele disse que tínhamos trezentas e cinqüenta crianças, e ainda não conseguimos resolver este problema em Porto Alegre. Há poucos dias, vim a esta tribuna denunciar o fato lamentável daqueles jovens que dormem na frente da Caixa Econômica Estadual, quando existe ronda social, Secretaria de Educação do Estado, Secretaria do Município, e não sei mais o quê. Existem assistentes-sociais, psico-pedagogos, nutricionistas, autoridades de tudo que é tipo e as crianças continuam dessassistidas. Não concordamos com este termo empresarial de meninas e meninos de rua, porque consideramos que as crianças estão é desassistidas pela sociedade e pelo poder público.

Acho importante que se reflita sobre isso porque também em nível nacional a situação é semelhante. O número de desassistidos é pequeno, o número de entidades é grande, o número de pessoas que atendem é enorme e as verbas que se gastam são fantásticas. Se chegou até a ter uma Secretaria Especial de Governo Federal que tinha 2,5% do Orçamento Nacional a fundo perdido que era tão perdido que sumiu o dinheiro. Então, desculpem-me se, numa Sessão de homenagem não se deve fazer essas reflexões, mas como o nosso Conselho está engatinhando ainda, como instituição, tem apenas três anos, tenho certeza de que sob a presidência da Professora Haidê Venzon, que tem trabalhado incessantemente com todos os seus colegas, tenho certeza de que trabalhará para não se construírem mais monstros administrativos para atender a crianças e o adolescente e promover “politiqueiros”.

Eu não considero nem políticos esses que usam a criança e o adolescente para fazerem profundas demagogias em cima da criança e do adolescente, como se faz no nosso Estado, como se faz por todos os lugares deste País. Por isso, precisamos aproveitar que este conselho está nascendo para que ele não nasça, evidentemente, não é assim, isso eu sei e tenho consciência disso, com os vícios dessas estruturas que estão aí hoje. Claro que a busca do Conselho são as políticas públicas, buscar o atendimento. Esta Câmara mesmo aprovou, no Orçamento, uma verba bem mais ampliada para o atendimento das entidades que estão lá credenciadas junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, mas ainda, para concluir, Sr. Presidente, sinto-me extremamente frustrado com o que vejo, com o que se faz com a criança nesta Cidade.

Há dias, lembrava aqui que tenho dois meninos aos quais dou comida há cinco anos na porta da minha casa e que estão numa escola-aberta e não sabem ler, nem escrever. Eu não sei para que existem, não estão lá. Então, são reflexões que todos temos que fazer e temos que dizer. E, neste momento em o Conselho Municipal dos Direitos da Criança  e do Adolescente está completando o seu terceiro ano, servem para que possamos buscar a correção destas distorções, buscar fazer com que, realmente, esses problemas sejam corrigidos e nós possamos, então, no futuro, nos orgulharmos de estarmos realmente fazendo um grande trabalho para as futuras gerações. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para falar em tempo de Liderança passamos a palavra ao Ver. Décio Schauren.      

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Saúda os componentes. Eu quero dizer que estou falando em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores e também tenho a honra de falar em nome da Bancada do PSDB, que pede o Ver. Antonio Hohlfeldt. Eu acho que, depois de três anos, nós temos que cumprimentar efusivamente a Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente pelas vitórias que o Conselho teve até agora. Apesar de todas as dificuldades, o Conselho Municipal dos Direitos iniciou seu trabalho sem nenhuma infra-estrutura aqui em Porto Alegre, mas graças à garra com que os conselheiros trabalharam e lutaram sob a Direção da Professora Haidê, o Conselho chega hoje com uma sede aqui em Porto Alegre e inclusive com informatização, o que eu acho uma grande conquista, mas esta não é a maior conquista. Entendo que a grande conquista do Conselho, aqui em Porto Alegre, é começar a convencer o Poder Público, a sociedade e a família de que, na verdade, são eles os culpados pela situação em que se encontram nossas crianças e adolescentes. O Conselho tem uma visão de acordo com o Estatuto, de que a criança é um sujeito de direitos. Não o contrário, como se fazia até agora, culpado a criança pela situação em que se encontra. Devemos culpar o Poder Público, a sociedade e a família, pois são os responsáveis.

O Estatuto, em seu Artigo 4º, diz o seguinte: “É dever da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade” - quero frisar “com absoluta prioridade” e perguntar: Quais são os governantes que fazem isso com absoluta prioridade? - “a efetivação referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” Em nosso País estamos muito longe de assegurar esses direitos.

Existem, ainda, governantes mal intencionados que dizem que nossas crianças e adolescentes são culpados pela criminalidade que está acontecendo em nosso País. Então pergunto que direitos que têm as nossas crianças, em sua maioria, que totalizam milhões de crianças sem direito a uma família, ao pão, à escola, à saúde, a brincar, a se divertir? Os governantes que defendem que se baixe a imputabilidade penal para dezesseis anos deveriam ler o Estatuto antes de criticá-lo.

O maior trabalho que o Conselho Municipal dos Direitos da Criança está fazendo é estabelecer políticas que possam contribuir para que, aos poucos, possa-se cumprir todos os direitos assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente. O Conselho Municipal merece, realmente, os cumprimentos, porque já temos muitas famílias, a sociedade, as entidades estão começando a compreender isso, estão começando a preceder as nossas crianças como sujeito de direitos. Há pouco tempo tivemos a oportunidade de ouvir os estudantes da JUC 7 oferecerem o prédio onde moravam antes, para que fosse utilizado como abrigo de crianças vítimas de violência. Isso é um sinal de que o trabalho do Conselho Municipal dos Direitos da Criança está sendo vitorioso. Parabéns Prof.ª Haidê Venzon e demais autoridades por esse trabalho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra, em Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e demais autoridades, companheiros e companheiras que lutam pela garantia dos direitos das crianças de Porto Alegre. É muito importante poder estar com vocês comemorando o aniversário do Conselho Municipal dos Direitos da Criança, porque quando comemoramos o nosso aniversário, a vida que vivemos, antes desta data, tem representado uma coisa positiva e vitoriosa.

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e a Câmara Municipal não poderiam estar separados nesta data, porque o Conselho tem uma história de lutas, vitórias e de compromisso com Porto Alegre, e com aqueles cidadãos que são o alvo e o objeto do trabalho desenvolvido pelo Conselho. Que bom seria se a realidade tivesse sido diferente. Que bom seria se os Conselhos Municipais da Criança não tivessem, hoje, em suas estatísticas, o número de atendimentos, que sei que vocês tem. Não poderia ser diferente, porém, em um País onde a população vive na marginalidade, onde a repressão é usada institucionalmente, e que desrespeita os direitos à liberdade de expressão. O atentado à cidadania se constitui no cotidiano das pessoas. Não poderia ser diferente o cotidiano das crianças e dos adolescentes de um País que privilegia, em seu Orçamento, o pagamento das negociações da dívida externa, em detrimento dos Orçamentos da área social, da saúde e da educação. Não poderia ser diferente num País que, até tão recentemente, o cidadão com menos de dezessete anos era tratado com mais rigor e repressão do que o cidadão adulto.

Estamos aqui não para falar das tristezas e da realidade social de Porto Alegre e do Brasil, mas principalmente para resgatar três anos de história de um Conselho que foi responsável, junto com tantas outras entidades que estão conosco, neste momento, pela aplicação de uma Lei que orgulha o conjunto da população brasileira, que é o Estatuto da Criança e do Adolescente, e que, principalmente, esteve à frente de um desafio prático de aplicação de um projeto de implantação dos Conselhos Tutelares, como ação pioneira em nível nacional, resgatando, através de eleições diretas, a eleição dos seus conselheiros. Isso poderá ser fácil e até corriqueiro no futuro, mas foi inovador e até penoso no processo e no momento em que aconteceu, porque também ainda era nova, no Brasil, a realidade e a concepção de considerar a criança como cidadão. Eu queria, neste momento, dizer da importância que é podermos comemorar os três anos de Conselho, resgatando para Porto Alegre a história de luta e, fundamentalmente, de compromisso das pessoas que compõem o Conselho Municipal dos Direitos da Criança, e as demais entidades da área social, que têm a ousadia de permanecer trabalhando pelo resgate da cidadania plena do conjunto dos seus cidadãos. E também dos conselheiros dos Conselhos Tutelares, que enfrentam anonimamente, dentro das suas salas espalhadas pelos quatro pontos de Porto Alegre, atendendo aqueles cidadãos, que, muitas vezes, são considerados culpados pelos seus próprios infortúnios.

Eu queria pedir licença às companheiras do Conselho Municipal dos Direitos da Criança, através da sua Presidente, a minha amiga Haidê, para resgatar, nesta comemoração de aniversário, papel desenvolvido pela primeira gestão, pela Presidência do Conselho passado, através da Presidente Judite Dutra que, naquele momento, quando na coordenação do MAPA, teve a coragem de mostrar que, mesmo com o papel e a representação que tinha, ela tinha que entrar na luta pela garantia da eleição dos Conselhos Tutelares.

Para encerrar, Sr. Presidente, eu queria dizer para todos nós que eu tenho certeza que as conquistas, que as vitórias, que os sucessos do compromisso expresso com o trabalho do Conselho Municipal da Criança só têm sido possíveis porque a legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente do Brasil foi germinada com base na democracia e na participação absolutamente representativa das entidades que, ao longo dos anos, no Brasil, ousaram defender as suas crianças. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Faz uso da palavra o Ver. Isaac Ainhorn. Tempo cedido pela Ver.ª Letícia Arruda.

 

O SR. ISAAC AINHORN: (Saúda os componentes da Mesa.) Nós usamos, em nome do PDT, a tribuna, nesta oportunidade e, especialmente, nossos companheiros que aqui se fazem representar, através da nossa Liderança Ver. Nereu D’Ávila, Ver. Milton Zuanazzi, Ver. João Bosco Vaz, Vera. Letícia Arruda, que gentilmente nos cedeu o seu tempo para termos oportunidade de aqui usarmos a palavra.

Gostaríamos de nesta Sessão Solene, extremamente importante, em que se presta uma homenagem ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente e quando se presta esta homenagem a este Conselho, estamos prestando também aquela que se constitui na mais alta responsabilidade e prioridade que temos  pela frente, que é uma reflexão sobre a criança e sobre o adolescente.

Entendo que a questão da criança e do adolescente tem, pela sua natureza e pela sua prioridade, indiscutivelmente, se colocado como uma questão suprapartidária. No entanto, é importante lembrar que os partidos políticos, que são instrumentos de realização da democracia e do regime democrático em nosso País, têm importante papel a desempenhar na formulação dessas políticas. Por essa razão, nós invocamos, nesta oportunidade, o Estatuto do nosso Partido, elaborado no início da década de 80, quando se restabeleceu a democracia em nosso País e o pluripartidarismo.

Quando tivemos que esboçar e reescrever o estatuto do nosso Partido, nós colocamos como questão fundamental e prioritária à realização do trabalho, dos objetivos do nosso Partido, a prioridade que é a criança. Essa foi uma luta da década que passou e esta década que nós vivemos, a década de 90, ela é a década que poderíamos até dizer: a década da criança, a década em que estamos assumindo as responsabilidades por tudo o que representa a criança em nosso País. Mas nós temos consciência de que há muito que se fazer, até porque nós temos instrumentos jurídicos, diplomas legais, Sr. Desembargador, extremamente avançados, extremamente bem elaborados. Diplomas jurídicos que poderíamos dizer que são vanguardas do ponto de vista da defesa e da proteção da criança. Mas, ao lado desses instrumentos jurídicos que estão presentes no Estatuto da Criança e do Adolescente, o que nós entendemos como fundamental, como responsabilidade maior de todos nós, é que aquilo que está escrito na lei, aquilo que está no texto legal seja observado e seja uma realidade viva.

Esse é o ponto fundamental que nós entendemos que é execução de uma política destinada à proteção da criança, proteção à vida, direito à segurança, direito à educação, à saúde, toda uma série de direitos que estão assegurados no Estatuto da Criança e do Adolescente. Um dado importante, achamos, num País de dimensões continentais como o nosso, extremamente importante é a política que transfere ao Município, que municipaliza a questão da criança e do adolescente. Aí vem o papel que tem neste momento o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente em cada uma das cidades brasileiras, que têm os Conselhos Tutelares, que são realmente uma experiência nova.

Nós sabemos dos percalços e das dificuldades que atravessam essas instituições recém-criadas pelo novo Estatuto da Criança e do Adolescente. Sabemos no dia-a-dia do trabalho dos homens públicos, do trabalho de Vereadores que somos, desse contato diário que temos com essa realidade, porque se há políticos que têm um convívio mais direto com as comunidades e com os dramas de cada uma comunidade, onde é o teatro, onde é o cenário, inegavelmente é a cidade, é o Vereador que tem essa proximidade maior com essa dura realidade, com os problemas que dia-a-dia nós vivemos. Eu acho que aí vem uma outra questão importante que é a execução de uma política.

Acho que um dos pontos fundamentais, e aqui foi tocado com muita propriedade, que a questão tem uma natureza política e a perversidade das elites dominantes deste País responsáveis pelas causas determinantes dessa proliferação de meninos de ruas ou outro nome que queiram dar.

Nós, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estamos sabendo e temos consciência de que este é o caminho, e qual é esse caminho? É o de que nós temos que atacar os problemas pelas conseqüências dele, muita vezes não podemos atacar pelas causas, mas estamos tentando também atacar pelas conseqüências. Aí um exemplo importante que se dá nacionalmente, sobretudo em dois Estados brasileiros, e aqui invocamos a experiência realizadora da escola de tempo integral, dos CIEPS, em nível do Estado de Rio Grande do Sul e em nível do Rio de Janeiro. Política essa que tem colocado a criança dentro da escola de forma permanente, onde ela tem desde o lazer, a recreação, ao estudo em tempo integral.

Hoje, no Rio de Janeiro, são quinhentas mil crianças que estão dentro dos CIEPS, aqui no Rio Grande do Sul também, são milhares de crianças nos cinqüenta CIEPS. E a gente que trabalha com crianças, e sabe a Sr.ª Haidê pela experiência, que o drama maior é integrar essas crianças dentro do processo educacional, é dar um sentido a suas vidas. E a gente sabe o quanto é difícil, não basta o conselheiro tutelar recolher a criança da rua, ele tem que integrá-la socialmente, tem que readaptá-la socialmente.

Hoje temos que reconhecer também um trabalho que tem sido levado a frente aqui, no Estado do Rio Grande do Sul, pela FEBEM, onde era, para a tristeza de todo nós, normalmente um local onde, nas suas casas, se davam rebeliões e motins, mas, hoje, assistimos em relação à FEBEM, algumas experiências pioneiras, algumas experiências que devem ser registradas e reconhecidas no contexto da Cidade e do nosso Estado. Recentemente realizou-se o Carnaval na Cidade de Porto Alegre, e a FEBEM compareceu com uma escola de samba de meninos, com quatro mil meninos na pista do Carnaval na Cidade de Porto Alegre. Entendo e acho que essas experiências são extremamente importantes, ou seja, a execução de uma política que atenda plenamente à criança. E reitero aqui, Sr. Presidente, que o importante, já que temos instrumentos jurídicos significativos, que dotam a comunidade e a sociedade de condições de idealizar e executar um política em defesa e proteção da criança, nós entendemos que agora nós vivemos num momento da execução dessas políticas, apesar das dificuldades, dos problemas de ordem de recursos, para atender a essas milhares de crianças.

Mas eu digo, especificamente, quando se promoveu o processo de municipalizarão em relação a Porto Alegre, em relação à região metropolitana, eu acho que, nas peculiaridades do nosso Estado, nas peculiaridades da nossa região metropolitana, nas peculiaridades da nossa Cidade, ainda é possível se atacar o problema até pelas conseqüências, porque sabemos que nos grandes centros, como Rio e São Paulo, o problema tem uma dimensão e uma gravidade muito maior. Por isso é importante ressaltar o dia de hoje, é importante esta homenagem que no dia de hoje prestamos ao Conselho Municipal, que cria, nesses seus três anos de existência, uma natureza de Instituição da Cidade de Porto Alegre, representativa de uma vontade, de uma disposição de vencer os problemas e assegurar plena realização das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Sr.ª Haidê Allegreti Venzon, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, está com a palavra.

 

A SRA. HAIDÊ ALLEGRETI VENZON: Sr. Presidente da Mesa; Sr. Representante do Sr. Prefeito Municipal; demais autoridades já nominadas, autoridades também aqui representadas, entidades, Srs. Vereadores, crianças e adolescentes, aqui presentes a quem transferimos a homenagem que o Conselho Municipal recebe hoje. Sua porta-voz, neste momento, das vinte e uma entidades que integram o Conselho Municipal e que tomamos a liberdade de nominá-las.

Integram o Conselho Municipal na sua gestão, entidades de atendimento direto: Associação Beneficente Lar de São José, Associação Comunitária Campo da Tuca, Creche Topo Gigio, Obra Imaculada Coração de Maria - OSICOM - Obra Social Santa Luiza, Sociedade Pobres Servos da Divina Providência, Movimento Assistencial de Porto Alegre; de atendimento indireto: Associação de Creches Beneficentes do Rio Grande do Sul, Associação das Creches Comunitárias de Porto Alegre, Movimento das Crianças Amigas da Zona Norte, Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, Movimento pelo Direito das Crianças e dos Adolescentes, Pastoral do Menor, SESI - Serviço Social da Indústria. Representando os órgãos governamentais do Poder Executivo: Secretaria do Governo Municipal, Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Educação, Fundação de Educação Social e Comunitária, Secretaria Municipal da Fazenda, Secretaria Municipal da Saúde, Procuradoria-Geral do Município e do Poder Legislativo, representante da Câmara Municipal de Porto Alegre.

É com muita satisfação que o Conselho Municipal vem a esta Casa do povo para participar dessa Sessão Especial, comemorativa aos seus três anos de atividade. Pelos Vereadores que nos antecederam será possível, a partir das palavras que vou proferir, verificar a perfeita identidade que existe nas idéias e nas linhas de atuação do Conselho Municipal e dos Vereadores que aqui falaram. A Câmara Municipal, sem dúvidas, acompanhou essa história desde o início, uma vez que aprovou, ainda em dezembro de 1990 a Lei 6787, que implantou o Conselho Municipal em nossa Cidade. Aprovada a Lei em dezembro, em março, por coordenação do MAPA, era instalado o Fórum de Entidades, no dia 23, e no dia 27 do mesmo mês era empossada a primeira gestão do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Segue-se, em 1992, a eleição dos Conselhos Tutelares prevista na mesma Lei e vai ainda a nossa Câmara Municipal, na sua atuação pioneira, aprovando em 93 a Lei 7.394 que regulamenta a função de Conselheiro Tutelar. Essas Leis, Srs. Vereadores - não sei se têm conhecimento -, elas têm percorrido o Brasil tantas são as solicitações que recebemos de diversos estados. Nosso reconhecimento ao trabalho sério e competente desta Casa, no que vem realizando.

No entanto, Srs. Vereadores, nossa expectativa é muito maior. Queremos tê-los como aliados e parceiros na luta para tirar estas leis perfeitas do papel, para fazê-las pegar, para mudar a situação em que se encontra um número significativo de crianças e adolescentes de nossa Cidade. O Estatuto é uma Lei que traz mudanças de conteúdo, método e gestão e que não vai acontecer sem a nossa participação, o que supõe ruptura com a passividade, com a inércia, com o descompromisso.

As mudanças introduzidas pela Constituição de 88 abriram amplos espaços de participação da cidadania organizada na formulação de políticas e no controle de ações em todos os níveis. Ocupar estes espaços de forma competente, responsável e madura tem sido o grande desafio desse Conselho nos seus mil dias de atividade. E são estas dificuldades e esses desafios que queremos compartilhar com V. Ex.ª neste momento.

O nosso primeiro e maior desafio é que todas as crianças e adolescentes sejam realmente considerados sujeitos de direito, retirando o estigma que está presente no nosso imaginário social: criança  pobre é menor, é de rua, pertence a uma instituição, é pivete sem nome. Enquanto os outros são de família, com nome e sobrenome, não cometem crimes, mas pequenos deslizes, são jovens, às vezes irresponsáveis, jamais infratores. Este estigma fica bem claro nas manchetes dos jornais que dizem: “Menor bate em criança e vai para a FEBEM.” De menor a cidadão deve ser a nossa trajetória, sensibilizando as autoridades que ainda não conhecem o Estatuto, sensibilizando a sociedade para que tenha uma postura ativa na defesa da criança, hoje, como pessoa em desenvolvimento e prioridade absoluta. Que sociedade é esta que trata desta forma as suas crianças? E estas dificuldades, Senhoras e Senhores, não são de natureza técnica, por desconhecimento dos problemas das crianças e adolescentes.

Os Conselheiros Municipais o que mais sabem fazer é trabalhar com crianças. A maioria deles são das organizações não governamentais ou das lutas e debates pela implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente. As nossas dificuldades são da natureza política, seja na definição do papel do Conselho, na delimitação do seu espaço, na compreensão das suas funções, uma vez que a nossa experiência de participação de cidadania organizada na formulação de políticas é muito recente.

Há três grandes questões que devemos colocar aqui: o que é participar politicamente em favor dos direitos da criança? O que significa ser um Conselho partidário, deliberativo, normativo e controlador de política e ações em todos os níveis? O que isso exige do Conselho Municipal em termos de preparo, trabalho e dedicação?

Vamos começar pela primeira questão, pela participação. Entre a participação sem crítica, submissa, entre a crítica sem participação da denúncia pela denúncia, optamos pela participação crítica em que devem conviver o consenso nas regras essenciais e a divergência nos pontos de vista. Mas de onde deverá surgir um processo revigorado e fortalecido pelas regras democráticas do jogo na defesa dos direitos da criança e do adolescente. Neste processo é preciso superar medos e suspeitas de todos os lados envolvidos.

Afinal, que produto híbrico é este que não é organização da sociedade civil e não é governo? De um lado- e, aqui, vou generalizar, não é só a situação de Porto Alegre - as Prefeituras temem diminuir seu prestígio e, por isto, querem colocar suas assinaturas em todas as iniciativas do Conselho; por sua vez, os Vereadores suspeitam que aqueles conselheiros podem se tornar um poder concorrente, esvaziando seu papel de legítimo representante e portadores dos interesses comunitários junto ao Executivo. De outro lado, a sociedade civil, tanto tempo relegada ao esquecimento, mal chegou, está eufórica e quer exercer o seu direito de participação como autor em todos os papéis.

E assim, muitos conselhos municipais se tornaram verdadeiras secretarias de educação e de saúde. E por que não dizer que o sonho secreto de alguns conselheiros é ser um legítimo Vereador da criança? Daí a dificuldade à qual nos referíamos: qual é o papel político deste Conselho? O que significa ser um órgão deliberativo? É um órgão que deve tomar decisões que devem ser transformadas em políticas pelos órgãos da administração pública. Não meramente um órgão consultivo nos momentos de crise, em que se sabe o que fazer com os meninos de rua. É um órgão normativo, orientado, através de portarias e resoluções, a execução de suas deliberações. É um órgão partidário composto por representantes da sociedade civil e do Poder Público. E, aqui, a nossa Câmara inovou e somos, então, menção em todo o Brasil desta constituição tripartite. A nossa paridade foi assim interpretada: um terço de representantes de entidades de atendimento direto; um terço de entidades de atendimento indireto e um terço de representantes do Poder Público. Assim, temos quatorze entidades representando a sociedade civil e sete representantes do Poder Público.

Para uma tradição que temos de uma política vertical e centralizadora, acho que esta Constituição serve muito bem e tem servido à criança neste momento. É também um órgão controlador, acompanhado a execução das deliberações no cumprimento das diretrizes do Estatuto, executando todas as ações com muita transparência. O que isso exige, em termos de preparo e compromisso dos Conselheiros, por isso o Estatuto da Criança e do Adolescente considerou a função de Conselheiro Municipal como serviço público relevante, não remunerado. A Judite e o Rodrigo que exerceram a Presidência, antes do nosso movimento, aqui estando a tradição deste Conselho que gosta de ousar e que sempre foi coordenado por movimentos: Movimentos Assistencial de Porto Alegre, Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua e, atualmente, o Movimento pelos Direitos da Criança e do Adolescente.

Tivemos que superar muitas dificuldades nesta aprendizagem de ser Conselheiro Municipal. A eleição dos Conselheiros Tutelares, o cadastramento das entidades, a regulamentação do Fundo Municipal, foram tarefas desafiadoras, em que todas as críticas e sugestões nos ajudaram a vencer o conservadorismo, a inércia, o imobilismo e as nossas próprias limitações. Por isso, queremos, neste momento, renovar publicamente o nosso compromisso que assumimos por delegação das entidades que nos elegeram no Fórum Municipal, e por delegação das autoridades que indicaram os representantes, acreditando que só os que escolhem nada fazer pela transformação do mundo é que não cometem erros, mas um crime.

O que nos deve preocupar não é a imunidade contra os erros, mas encontrar a direção que o movimento deve tomar. E essa direção, Sr.ªs e Srs., essa bússola nós temos: é o Estatuto da Criança e do Adolescente. Nesta linha é que orientamos o cumprimento de nossa função essencial: formular políticas e controlar ações em todos os níveis. No entanto, não queremos fazer isso de forma isolada, e sim dentro dos princípios da participação, da descentralização, da articulação e da transparência que acreditamos serem os princípios desta Casa do Povo.

Por isso, lançamos hoje, oficialmente, nesta Câmara Municipal, a proposta de realização, no final de outubro, da Primeira Conferência Municipal de Políticas de Atendimento à Infância e à Juventude, que terá seus trabalhos preparatórios de abril a setembro. Queremos ouvir a todos, adultos e crianças, adolescentes, especialistas e leigos, com elaboração de propostas concretas que, se apoiadas, mudarão as atuais condições. Queremos também, ao final dessa Conferência, celebrar um pacto pela infância, integrando a comunidade porto-alegrense em torno de um compromisso comum.

Acreditamos na força nucleadora da criança, só ela é unir pessoas acima das divergências religiosas, sociais, políticas, partidárias e ideológicas. Propomos também, aos Srs. Vereadores um pacto pela criança, como fez ontem a Câmara de Salvador em homenagem ao aniversário da Cidade, conforme nota que encaminhamos em correspondência.

Contamos, desde já, com o apoio desta Casa, que temos certeza, se fortalece e se legitima, indo ao encontro da criança aonde ela estiver. Acreditamos que nos momentos de crise, os homens de verdadeiro espírito público são convocados por sua consciência, a rever prioridades, a enfatizar ações capazes de atender aos mais elementares direitos da população.

Estamos entregando a cada um dos Vereadores um exemplar da edição de bolso do Estatuto, renovando publicamente nossa confiança e certeza de que esta Casa estará vigilante na sua defesa. O verde deste Estatuto, e a criança que está aqui na nossa marca, livre e feliz, empinando essa pandorga, representam nossa esperança, que não está por  vir, mas que se põe a caminho, que não espera acontecer.

E, para concluir, concluímos com palavras de Milton Nascimento:

“Caminhando de mãos dadas, com a alma nova, aquecida pelo sol que vem depois do temporal, vamos, companheiros, pelas ruas de nossa Cidade, cantar, semeando o sonho que vai ter que ser real.”

Fazer de Porto Alegre um “porto seguro” para todos os adolescentes e um alegre recanto para todas as crianças.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Senhoras e Senhores, autoridades presentes, Sr.ª Haidê, até o presente momento ouvimos apenas os adultos: os Vereadores; pelo Conselho se manifestou a Sr.ª Haidê. Mas acho que o ato ficaria incompleto se não trouxéssemos aqui também as crianças. Vamos chamar o grupo teatral “Grita Criança” do Centro de Promoção de Menor da Restinga, para a apresentação de uma esquete, e após a apresentação do musical dos garotos do “Pagode”, também do Centro de Promoção do Menor da Restinga.

 

(É feita a apresentação.)

 

Enquanto as crianças se apresentavam, a dona Haidê falava, uma frase que a gente já ouviu várias vezes: essas, na verdade, são as crianças “perigosas” que nós temos no Brasil: elas precisam ser bem tratadas, bem orientadas, precisam ser auxiliadas, encaminhadas para um bom caminho. E essa é uma tarefa de todos nós.

Saúdo, mais uma vez, o Conselho da Criança e do Adolescente pelos três anos de existência. Muito obrigado a todos. (Palmas.)

Interrompemos a Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h19min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h25min): Estão reabertos os trabalhos. Srs. Vereadores, agora vamos finalizar o Período de Grande Expediente, pois alguns Vereadores não usaram o seu tempo durante a homenagem que a Casa prestou ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O Ver. Milton Zuanazzi falará em transposição de tempo com o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu tinha reservado o meu tempo do Grande Expediente e, por isso, não quis falar nessa bonita homenagem que a Casa acabou de realizar, pois quero manifestar-me sobre o nosso movimento de 1964. Não trago aqui nenhuma visão tradicional da análise que moveu as oposições ao regime de 64. Trago aqui uma reflexão, que tento imaginar ser nova, acerca das razões fundamentais daquele movimento, na verdade, hoje, após trinta anos de história, provado um golpe militar.

Poderíamos nós aqui fazermos uma reflexão sobre a questão da democracia, do referendum à democracia, de que aquele movimento, aquele golpe militar teria sido um golpe na democracia brasileira ou na não vontade da existência de uma democracia duradoura, estável em nosso País. Não me alio a essa conclusão. Sei que hoje a grande maioria das esquerdas no País fazem essa avaliação e referem uma espécie de utopia da democracia, que também tem lá o seu conteúdo de verdade, mas está se provando, já nesses dez, doze anos, que setores que foram a favor daquele movimento, hoje se incorporaram à vida democrática. Não pretendem qualquer retorno da ordem constitucional democrática estabelecida.

A análise que faço do movimento de 64, Ver. João Dib, é uma análise sobre o prisma e o aspecto internacional e da sua dominação. O movimento, o golpe de 64, na minha opinião, muito mais do que a derrubada da ordem democrática, muito mais do que isso, fazia parte de toda uma articulação de consolidação de bloco internacional por parte do capital norte-americano e seus aliados. Essa é a história da América Latina.

Se nós, agora, depois da queda do Muro de Berlin, esquecermos essa história em busca de um discurso de que trata-se hoje de uma simples conformação de utopia da democracia, como recebi um texto, que muito me orgulhou, não sei se os demais Vereadores receberam, do Deputado Marcos Rolim, meu amigo pessoal, do qual trago profundas discordâncias, acho que remete a uma avaliação do momento para descaminhos extremamente perigosos. Com a queda do Muro de Berlin e com o fim da “Guerra Fria” não se tornou a América Latina, não, Srs. Vereadores, um local de confirmação da democracia e da utopia da democracia.

Estabeleceram-se aqui, Ver. Nereu D’Ávila, outros processos de denominação que até agora, faz só cinco anos, nos deixam perplexos, porque antigos inimigos e adversários podem, quem sabe, tornarem-se os verdadeiros aliados. E eles - seus antigos aliados - talvez não tenham percebido que se tornaram agora seus grandes adversários.

O Ver. Antônio Dib, o Ver. Pedro Américo Leal e eu nos encontramos, segunda-feira, num programa de televisão onde apareceu o tema da suposta crise dos Poderes do Estado - a questão do Sr. Itamar Franco com o Legislativo e Judiciário e o chamado movimento nos quartéis em busca de uma retomada de um padrão salarial. O Ver. Pedro Américo Leal fez uma manifestação a respeito sobre a qual fiquei pensando: ele é um membro da caserna e  não percebeu ainda que, por traz dessa má remuneração dos militares, está um outro projeto maior de dominação, que parte do sucatamento das Forças Armadas da América Latina.

Foi de 88 para cá que reduziram a remuneração; não se pode justificar tamanha redução apenas com base na inflação brasileira. Ela é uma determinação após a queda do Muro de Berlin e após a reformulação das forças internacionais. Ou percebemos que o imperialismo norte-americano mudou suas táticas e estratégias e agora “aposta” na democracia brasileira como em 64 apostou na ditadura brasileira, ou nas forças militares argentinas, chilenas e de qualquer parte da América.

O jogo de dominação agora é outro; não é mais a luta anticomunista que mobiliza os quartéis, afinal o comunismo acabou, não há mais com quem lutar. Não há mais o ouro de Moscou e os vermelhos comedores de crianças. Então, que bandeira ideológica vai-se utilizar para uma articulação de forças desse porte? Daí por que a aposta no inverso, que tem como base da economia o neoliberalismo e como base política um discurso democrático, mas que, como base de tudo isto, do lado econômico e do lado político, tem um projeto de dominação e de sucatamento do capital e das suas forças vivas. Infelizmente, chegamos a conclusão que um grande aliado durante a luta, após o movimento de 1964, como o Ministro Fernando Henrique Cardoso, é hoje o elemento aglutinador dessa política de dominação internacional. Ou nós temos essa percepção ou nós não entendemos o processo de dominação, ou o neoprocesso de dominação, onde ele está centralizado.

Não é por acaso que o Ministro Fernando Henrique Cardoso participa do diálogo interamericano, um diálogo criado em Washington, há sete anos atrás, que estabeleceu a redemocratização da América Latina. Não vamos sonhar, nós militantes contra a ditadura, que estabelecemos a democracia na América. Se fosse assim, se a nossa campanha das diretas tivesse sido sequer vitoriosa, não teríamos empurrado durante cinco anos.

Que vitória foi a nossa nas ruas? Levamos milhões de brasileiros às ruas, em 1984, e as eleições saíram em 1989, numa articulação de cúpula da elite, onde esses instrumentos de poder continuam vivos e maiores, e não estão mais na caserna. Percebam todos, não estão mais na caserna, estão dentro de uma articulação chamada e defendida como democrática. Não quero aqui pregar, seria lamentável que eu deixasse transparecer que o movimento militar teve às suas razões de ordem intrínseca, muito pelo contrário, acho uma temeridade imaginarmos qualquer retrocesso no processo democrático, mas será uma temeridade nós não sabermos reforçar a verdadeira liderança democrática das Forças Armadas. Será uma grande temeridade nós partirmos para o discurso de sucatamento de todo o projeto de defesa da soberania nacional que está em jogo, com muita profundidade. Essa é a negociação dos bastidores da nossa República, essa é a negociação que transcorre nesta eleição de 1994. Quem aceitar os negócios políticos que aí estão poderá ter seu beneplácito, espaços da Globo, da grande imprensa, instrumentos para chegar ao poder. Quem se rebelar, como tem sido historicamente o comportamento governador Brizola, este está liquidado, é o pisoteio, é o amasso, é a falta de qualquer espaço e o fechamento. Significa para mim, antes de qualquer outra coisa, antes de ser pedetista, essa postura assumida pelo Brizola, um enfrentamento a essa neodominação que ocorre na América Latina. Muito cuidado, todos nós que queremos, sim, o aperfeiçoamento das instituições democráticas, o amadurecimento da nossa democracia, com o nosso discurso essencialmente democrático, achando que ele resolve as nossas utopias. Se continuarmos assim estará existindo paralelamente um outro 64, muito mais profundo e muito mais danoso à vida dos brasileiros. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Próximo orador inscrito é o Ver. Mário Fraga que cede seu tempo ao Ver. Elói Guimarães, que está com a palavra. 

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não venho a esta tribuna fazer o discurso de anti-saudação, porque entendo que aqueles que participaram, envolveram-se no golpe, de que hoje decorre trinta anos, lá tinham os seus motivos, que nós discordamos, mas acho que a data se presta para uma ampla reflexão, principalmente daqueles que são ou eram partidários da revolução de 64. E vem a preceito a discussão porque não faz uma semana, quinze dias, houve assanhos em diferentes setores da vida brasileira; determinadas viúvas andaram rebolando os quartos por aí. Eu ouvi, aqui em Porto Alegre, de um programa de televisão, um apresentador que foi às escâncaras. Então vejam que a democracia, esse sistema que pode ter os seus defeitos e os têm, mas ainda o homem até hoje não encontrou, não produziu um regime melhor, porque é o sistema da liberdade e, basicamente, é o sistema da igualdade. Não atingimos a igualdade, atingimos, avançamos no campo da liberdade? Sim, avançamos no campo da liberdade. É preciso que se faça uma reflexão sobre a data porque a ditadura, não vamos analisar a ditadura de sessenta e quatro, dizimou uma geração do ponto de vista da sua participação no processo de decisão nacional, toda uma geração foi castrada porque ela representou uma interrupção no ciclo histórico.

Então, as ditaduras venham de onde vieram, nós precisamos colocar claro que elas não servem. Esta data é um momento de reflexão para que se avalie o que esses movimentos têm causado de danos e atrasos às nações e às populações, porque não se tem notícias de que esses regimes resolveram os problemas da sociedade e da humanidade. Foram obstáculos na evolução que o homem empreende na busca do aperfeiçoamento das instituições.

Não iremos encurralar as Forças Armadas, que foram às ruas e hoje muitos fazem sua auto-crítica, pois equivocados à época. Já há uma história da auto-crítica elaborada por eminentes figuras de hoje, na reserva remunerada, que participaram do Movimento de 64, perguntando-se: “Por que entramos naquela aventura que só atrasou e comprometeu o desenvolvimento do País?”

Não é uma data para se, digamos assim, “cair de pau” naqueles acontecimentos. Uma das virtudes da História é anistiar. Temos que pensar para a frente, temos que pensar para o futuro e buscar o entendimento capaz de construir uma sociedade absolutamente fraterna e irmã que busque seus graves problemas.

Tivemos hoje, aqui nesta Casa, uma grande Sessão onde foi colocado todo o quadro de nossa realidade, no dia-a-dia, com crianças da Restinga dando exatamente a dimensão do problema social. É justamente sobre essas questões e outras desta ordem que precisamos nos debruçar para resolver os graves problemas que enfrenta o nosso País.

Então, nunca mais ditadura, nunca mais regime de força. Queremos a liberdade, a democracia, a igualdade, a solidariedade, porque só assim seremos capazes de fazer a redenção definitiva do homem. Então, façamos a reflexão. Eles são eram militares, eram civis, talvez, muito mais interessados em realizar seus negócios, porque a ditadura não permite a crítica, a oposição. Nós podemos dizer que havia uma oposição meramente formal, a fim de vendermos para o exterior a imagem de que havia oposição no Brasil.

Então, há dias vimos arreganhos de pessoas saudosas daqueles momentos, onde não elegiam, mas nomeava-se.

Então, fica aqui a nossa reflexão, sem jogarmos pedras no passado. O passado é passado. Pensemos para a frente e passemos a construir novos valores, novas concepções para tirar o País desta excepcionalidade, desta ditadura que sofre no campo social, no campo econômico, onde temos salários aviltados, crianças morrendo, famílias morando debaixo de pontes. Então, a data é de reflexão, no sentido de firmarmos esse sagrado compromisso: ditadura jamais. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

      

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra, em Grande Expediente.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Casa está vivendo hoje um dia movimentado. Nós tivemos uma belíssima Sessão de homenagem ao aniversário do Conselho da Criança e do Adolescente. Não me pronunciei na ocasião, porque me reservei esse espaço para um breve comentário sobre os idos de 64. Nós estamos às vésperas de mais um aniversário do chamado Movimento Militar de 64. Considero um fato ultrapassado. O mundo não é mais o mesmo, o País não é mais o mesmo, e até o próprio homem como indivíduo, como espécie natural, não é mais o mesmo. O século que estamos terminando produziu uma enormidade de diferenças que estão afetando a nossa maneira de pensar. Se recuarmos um pouco, vamos ver que no início do século apareceu o avião que reduziu as distâncias. Na década de 40 a 50 a fissão nuclear, que desestruturou a visão mecânica do universo.

Nós tivemos, antes disso, o aparecimento da rádio e da televisão, que proporcionaram um processo de comunicação ultra-rápido entre os homens. Nós temos hoje a cibernética e a informática, que modificaram a nossa maneira de pensar e de agir. Estamos no olho de um furacão de mudanças que o homem é incapaz de avaliar. Só daqui a cem, duzentos ou quinhentos anos, recuando no tempo, os historiadores verificarão que tipo de modificação sofreu o mundo que estamos atravessando.

Em conseqüência, o movimento mundial, social e político também se alterou. O mundo já não é  mais o mesmo de trinta anos atrás. O Ver. Milton Zuanazzi teve paciência, a pachorra de se preparar para o discurso de hoje, e eu, infelizmente, não tive e estou deixando fluir o meu pensamento. O que aconteceu com este País em 1964, hoje não é mais possível se repetir, pelas modificações que o mundo sofreu. Os próprios agentes principais do episódio - os militares - hoje, estão numa outra posição.

Acabaram-se as visões da guerra convencional. A Guerra do Golfo transformou a guerra convencional num episódio de “video game”. Então, os nossos militares não têm mais, com o perdão da palavra, o brinquedo da guerra. A famosa disputa bélica hipotética, entre o Brasil e a Argentina, foi para o espaço. Não há mais porque conservar as Forças Armadas no modelo tradicional; elas terão que permanecer para outras missões. E, agora mesmo, num episódio recente, elas tiveram um papel que me parece ajustado a este modelo novo: os ministros militares, como representantes de um segmento da sociedade, foram pressionar o Governo, na mais legítima medida, porque estão, também, como os assalariados deste País, numa situação de aprêmio. Não se pode confundir - e aí é que chamo a atenção - pressão com coerção. Porque os militares ainda detêm o poder das armas e uma pressão militar pode ser confundida com coerção e é isto que nós temos que evitar. E podemos evitar a coerção, ampliando os espaços democráticos; é a única maneira de sairmos desta barafunda em que nos encontramos.

Nós temos, por favor, que repensar o conceito de democracia. Para quem serve? Por quem é exercida a democracia? Por aí nós aprofundaríamos uma discussão por muitas horas, muitos dias.

O Ver. Zuanazzi citou - e é claro, nos pequenos espaços que temos aqui, nós não podemos aprofundar essas questões -, mas é preciso que elas sejam colocadas assim, como motes, para se pensar. Agora, o que nos preocupa hoje neste País, em função destas modificações, é o realinhamento das forças que tradicionalmente dominaram e dominam este País. O quê estamos assistindo? O quê a elite dirigente deste País está preparando em função desta reorganização?

De um lado temos o candidato do PT, Lula, significando um redirecionamento na condução política e administrativa do País e de outro lado as forças tradicionais querendo manter o “status quo”. Agora não nos iludamos. E o exemplo está aí, a elite dirigente é muito habilidosa e tem uma capacidade inventiva que não termina. Arranjaram um candidato que se ajusta como luva a esta nova visão. Só me questiono uma coisa: o que terá conversado Fernando Henrique Cardoso com essas forças que tentam predominar ou continuar predominando, que tipo de entendimento tiveram?

Isto é uma incógnita. Não tenho bola de cristal, só o tempo é que dirá.

E hoje estamos vendo a desistência do Prefeito de São Paulo, Sr. Paulo Maluf, de concorrer à Presidência da República. O insistente noticiário de que o Sr. Fernando Henrique Cardoso terá como vice um político do PFL. A tentativa do bloco democrático de esquerda, progressista, de conseguir um amplo leque de forças que permita, não só ganhar a eleição, mas a sustentação do próximo governante. Esse é o ponto crucial da questão. Porque não adianta ganhar a eleição e depois não poder-se sustentar. Aí vai-se criar um conflito institucional que vai levar a prejuízos incalculáveis a situação nacional.

Por isso, sem querer teorizar, aprofundar mais a questão, acho que só temos que manter uma coisa neste País, como base e suporte de tudo que quisermos que venha atrás disso: a manutenção e ampliação dos espaços democráticos e envolvendo nisso a maior parcela da população possível. Por isso é que nós estamos, hoje, empenhados aqui em Porto Alegre e em outros lugares na introdução da democracia participativa. Há muita gente que não gosta deste termo com medo de que a participação popular possa prejudicar e até desacreditar a representação parlamentar tradicional, mas é preciso que o povo, como um todo, seja investido na capacidade de decidir. É isso que nós estamos pretendendo, é isso que devemos fazer. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Liderança com o PC do B, Ver.ª Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente  e Srs. Vereadores. Quero, assim como o Ver. Lauro Hagemann que me antecedeu, dizer que não me organizei para uma intervenção como esse tema verdadeiramente merece. Mas não poderia deixar de me pronunciar, em nome do meu Partido, Partido Comunista do Brasil, a respeito do registro dessa data e tudo o que nós temos de aprender com este período histórico da vida do Brasil, e a lamentar, certamente. Aprender, porque é de fundamental importância que nós consigamos avaliar o que significou esse período para o nosso País e a necessidade da Nação brasileira se organizar e se fazer ouvir no sentido de aprofundar sempre as relações democráticas como uma questão de princípio. E lamentar, porque certamente foi um período do qual nós não temos nada para nos orgulhar e para lembrar com carinho.

Muitas vezes ouvimos, nós, principalmente, porque fazemos parte de uma geração que nasceu depois do Golpe de 64, números puros, números que apresentam o desenvolvimento de um período e que colocados de forma seca poderiam nos convencer de que este tenha sido um período bom para o nosso País. Não é possível avaliarmos somente números, eles acontecem num contexto histórico muito determinado e falam muitas coisas também.

Falam certamente, em contrapartida, do endividamento externo, do empobrecimento de toda uma Nação. Mas, para não pensar somente em numeros, é preciso dizer que o autoritarismo desse período visava conter as demandas sociais de um povo que queria se fazer ouvir com reformas de base, com a vontade de ser uma Nação livre e soberana, e que a violência com que esse povo foi tratado não há para ela qualquer justificativa. Para que nós não esqueçamos desse período, mas que efetivamente tomemos os ensinamentos necessários, possíveis, é importante lembrarmos as famílias dos desaparecidos, dos mortos, daqueles que sofreram todo o tipo de perseguição política. Terminando o drama para muitos que foram assassinados, continuou o drama dos seus familiares que, chorando, buscavam onde estavam seus filhos. Muitos cidadãos brasileiros não encontraram até hoje um local adequado para descansarem após a sua morte.

E foi pensando nisso que a anistia aconteceu, uma luta extremamente importante, que limitou punições, mas que não apagou o passado, e é por isso que nós propusemos a esta Casa, e pedimos o apoio de todas as Lideranças, de todas as Bancadas, um projeto autorizativo ao Executivo Municipal, no qual nós sugerimos à Administração Municipal em Porto Alegre a construção de um monumento em memória dos desaparecidos políticos brasileiros no período de 1964 até 1984, quando retomamos o período do caminho da democracia no nosso País. Pensamos que esta ação desenvolvida pela Administração Municipal, que sugerimos, pode resgatar um lugar para esses desaparecidos da nossa Cidade, do nosso Estado e garantir para toda a população de Porto Alegre um espaço onde se possa lembrar a coragem de pessoas que deram a sua vida, a sua juventude, o seu futuro pela democracia deste País. Obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver. João Dib, pelo PPR.

 

O  SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, desde que em 1979 foi dada a anistia, neste País, eu entendia que ela fosse geral, abrangente, fosse para todos os lados, mas parece que não! Há gente, ainda, continuando, tentando dar explicações do inexplicável. O Movimento de 64 aconteceu numa hora que só podia acontecer. É que as novas gerações que falam que foram todas retiradas do convívio político dos brasileiros, elas é que estão confundidas. A brilhante Vereadora que me antecedeu nesta tribuna nem havia nascido quando o Movimento de 64 era instaurado. Ver. Fontana, Ver. Gregol, Ver. Zuanazzi, que veio aqui e disse que as gerações de políticos desapareceram, pois esta Câmara tem geração jovem políticos! Vocês estão apenas desmerecendo a si mesmos, quando dizem que os políticos desapareceram.

Será que é só João Dib, Divo do Canto, Jair Soares, Pedro Américo Leal, Lauro Hagemann e os outros não são políticos? São jovens, é claro que eu me considero jovem. Já disse para o meu amigo Ver. Gregol que eu inteligentemente acumulo juventude e não envelheço. Mas, o que eu sei é que o Movimento de 64 aconteceu na hora certa. É que as pessoas que falam nas novas gerações não estavam lá para saber que houve o comício da Central do Brasil, onde o Presidente da República compareceu, esquecendo o que era hierarquia, o que era disciplina, o que era ordem, o que era segurança, o que era tranqüilidade.

E é claro que quando a Ver.ª Maria do Rosário fala que nós colocamos números, é porque nós podemos colocar. Quando é que o Brasil cresceu o seu Produto Interno Bruto mais de 11%? Só no período revolucionário. No período revolucionário, vinte anos, 227.000% de inflação, de 1964 a 1984; e agora, de 1984 e 1994, 4 trilhões por cento de inflação! Claro, Ver.ª Maria do Rosário, não dá para entender esse número, porque eu não consigo entender! Não consigo entender! Um dia eu tentei calcular o que era um quatrilhão de cruzeiros, com notas de 500 mil cruzeiros, e dava 230km de altura, em notas de 500 mil cruzeiros, e ia de Porto Alegre a Vacaria, onde eu nasci, uma nota encostada na outra.

Claro que não dá para entender os números, os números do que se fez em matéria de educação... Eu fui aluno de uma Escola de Engenharia que formava cinqüenta engenheiros civis, no Rio Grande do Sul, a cada ano; agora, pelo amor de Deus, o que tem de engenheiro civil, mecânico, de minas, de metalurgia, eletrotécnico, químico, médicos, há excesso de faculdades, e isto aconteceu com a Revolução! O que nós abrimos de estradas, o que nós fizemos nas comunicações! Estou lembrando que, quando eu saía daqui e queria telefonar de Salvador ou do Rio de Janeiro para a minha família, eram três dias; um telegrama não chegava! Essas coisas aconteceram dentro de uma disciplina, dentro de uma hierarquia, com um povo que vivia mais tranqüilamente que hoje. Quatro trilhões de inflação! Mas se eu contar os três meses deste ano, dá 10 trilhões de inflação!

Então é difícil. Energia elétrica, esta Cidade aqui parava por qualquer coisa. O serviço de bondes foi extinto mais por falta de energia do que por qualquer outra coisa! Nós não tínhamos energia elétrica, mas depois da Revolução estagnou. Depois do Presidente Figueiredo as coisas pararam! Já está-se deteriorando a telefonia, já está-se deteriorando a energia elétrica, as estradas estão em péssimas condições. Isto tudo foi Revolução. E agora, a Ver.ª Maria do Rosário traz o seu brilhante Projeto, lembrando que pessoas desapareceram. São coisas das revoluções e não da nossa apenas, mas das revoluções.

Mas há de pensar também nas pessoas que foram cruelmente assassinadas por estes que hoje estão desaparecidas. Há de se lembrar do jovem sargento que transportava, delicadamente um preso, e este preso retirou o revolver da cintura do sargento e o matou desapiedamente, e ele apenas tinha quatro filhos. Claro que para este sargento não vamos fazer monumento. Nós vamos fazer monumento para aqueles que foram anistiados, nós vamos lembrar que a anistia deveria ter sido geral, ampla e irrestrita, mas para todos os lados. Não, a anistia parece que apenas serviu para reintegrar pessoas nos seus cargos, receber dinheiro atrasado, posições e aí então a anistia era boa.

Agora, a Revolução se fez, volto a dizer, por uma necessidade num momento extremamente difícil deste País, e se não fosse aquela Revolução, talvez agora, nós tivéssemos então numa situação extremamente difícil. Não saberíamos conviver com problema que durante dezoito dias afetou a nacionalidade toda. Mas, porque lá nós aprendemos, é que nós suportamos esses momentos difíceis, da incompetência de um Presidente, da retirada de um Presidente, tudo porque lá se aprendeu também. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra pelo PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome do meu Partido, Partido da Social Democracia do Brasil, e por indicação do Ver. João Verle, também em nome do Partido dos Trabalhadores, eu ocupo este espaço, e o faço muito tranqüilo, porque o que direi agora, eu diria da mesma forma, se eventualmente estivesse integrando ainda às fileiras do PT. Mesmo com as discordância que nós temos, eu diria isto lá dentro do PT, como digo isso hoje dentro do PSDB.

A referência de 1964, acho que é sempre bom a gente trazer de volta. Em primeiro lugar uma perspectiva histórica de antecedentes. Na verdade a própria Proclamação da República, em 1889 já foi de certa maneira, sobre uma determinada leitura, um golpe promovido por um segmento militar do País, sem apoio popular, promovido na calada da noite, que realmente tentava manter a permanência de um grupo determinado, um grupo que perdia o espaço político, e rapidamente tentava reverter isso, mudando o sistema político, para não perder exatamente a possibilidade do seu comando. A partir daí nós temos vivido, historicamente, no decorrer de todo o século XX, um equilíbrio que é extremamente danoso à evolução desse País. As chamadas elites conservadoras não são suficientemente fortes para imporem radicalmente um projeto; mais do que isso, normalmente elas não têm um projeto porque tudo que lhes interessa é a manutenção do “status quo”. Os segmentos renovadores, por seu lado, não têm força política suficiente e de participação popular, ou encontram o rechaço, inclusive das armas, como ocorreu em 64, quando propõe a sua alternativa, e, portanto, ficamos no impasse em que não se avança, não se recua e apenas se postergam soluções, porque essas elites dirigentes, conservadoras, se mantêm fielmente nesse poder e fazem qualquer jogo, desde que garantam seus interesses. Aliando-se inclusive com quaisquer segmentos, desde que isso lhes traga vantagens.

Foi assim o episódio que tem como referência tudo aquilo que aconteceu em 1922, desde a fundação de 17 do Partido Comunista, depois 22 com toda a revolta dos tenentes. Aliás, acaba de ser lançado pela Editora Vozes uma análise excepcional da Anita Leocádia Prestes a respeito do Movimento Tenentista, sendo lançado nesta semana o livro. Recomendo-o a todos os Vereadores.

Foi assim no episódio de 30, que nós decantamos, como gaúchos, uma revolução de vanguarda, democrática que não foi muito mais do que uma tentativa de troca de dedos, de acomodação de forças e de interesses. Tanto é que em 1934 estávamos de novo discutindo; em 1937 estávamos dentro do golpe de Estado e depois em 1945 novos acordeões para mantermos tudo como estava, que foi a Constituinte de 1946.

O ano de 1964 foi apenas mais um episódio dentro disso. Talvez a novidade é que em 64, depois como ocorreria no Chile de 1973 - não foi uma revolução, mas foi um golpe. Um golpe muito simples por um problema objetivo, realmente havia uma situação constituída; havia uma segunda situação que pretendia se constituir; derrubou-se uma, colocou-se a outra contra, evidentemente, a vontade da maioria. Isso define um golpe, isso não é revolução. Revolução é quando nós respondemos a vontade de maioria. Como o movimento de 64 não foi um movimento de maioria, mas de minoria, evidentemente, é um golpe. E não há desprestígio maior, a não ser ideologicamente, não-histórico, dizermos golpe ou revolução. Agora, evidente que os conceitos são fundamentalmente opostos.

O que assistimos hoje, em 1994, se não é exatamente um golpe ou uma revolução, é, de novo, uma tentativa de acomodação. E é por isso que eu digo: não é porque estou no PSDB hoje que deixarei de fazer essa observação, que acho fundamental. Hoje, nesse momento, sinto-me constrangido porque assisto, podendo fazer muito pouco, uma tentativa de uma nova acomodação que eu espero que não vingue na convenção e, realmente, vou ficar mais do que constrangido, mas acho que esta análise é preciso que se faça hoje, porque ainda há tempo de impedir este tipo de movimento. E é neste sentido que eu queria recordar isso, acho que o Brasil tem um desafio. Nós tivemos um grande momento que esta proposta do Ministro Fernando Henrique parecia nos trazer. Ninguém acabou levando a sério este tipo de coisa. De um lado se fez uma análise sectária e radical; de outro lado, se buscou usar só o que interessava e botar o resto fora. De repente, as pessoas vão ficando isoladas, sozinhas, sem condições e, às vezes, a mosquinha azul, infelizmente, também aparece. Parece que é isso que nós estamos assistindo. De toda maneira, apesar de tudo, espaços como este que nós estamos tendo aqui, acho que espaços como a Assembléia Legislativa abriu hoje à tarde, proposta do Deputado Marcos Rolin, são espaços que nos permitem, independente das nossas diferenças, pensarmos. Acho que na prática temos vivido isso. Quando nos opomos a um lado, isso não nos opõe, por exemplo, a um Vereador como o Ver. João Dib, a um Vereador como o Ver. Jair Soares. Eu dizia isto hoje à tarde ao Ver. Jair Soares: nós temos idéias diferentes, mas, na prática, temos conseguido avançar. Acho que talvez nós devêssemos tentar juntar um pouco mais nossas forças, independente das nossas posições.

Concluo, Sr. Presidente, apenas me permitindo evocar, aqui, dois amigos que pagaram com a vida o crédito, a crença num País novo. O João Carlos Hass Sobrinho, que era integrante da Guerrilha do Araguaia, filiado ao Partido Comunista do Brasil, e ao Luiz Ferreira Lisboa, foi meu companheiro de sala de aula do Julinho e que eu pude, de uma certa maneira, contribuir um pouco para o resgate da sua memória, o ano passado, com o lançamento do livro contando seus poemas, através da sua viúva, a Suzana Lisboa, que hoje está conosco na Assembléia Legislativa. Com esta homenagem a dois jovens que foram mortos, que foram assassinados, queria prestar a minha homenagem a todos aqueles que acreditaram num Brasil novo, torcendo para que todos nós, do PT, do PMDB, do PPR, do PFL, possamos, do PTB, se nos permite o Ver. Luiz Braz, possamos em nome do PMDB, enfim, em nome de todas as Bancadas aqui representadas, construir um País que nos dignifique, os nossos filhos, os nossos netos vão conseguir viver com maior dignidade.

Precisamos, sim, fazer essas análises com seriedade. Não para dizer que temos ou não razão, mas para corrigir os erros que cometemos anteriormente e avançarmos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2161/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 109/93, do Ver. Jocelin Azambuja, que altera a Lei  nº 4187, de 26 de novembro de 1976, e suas alterações posteriores, substituindo o termo “táxi-lotação” por “lotação” ou “microônibus”, e dá outras providências. (Com Emendas nºs 01, 02 e 03.)

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CUTHAB, CEDECON e COSMAM, Relator-Geral Ver. Pedro Ruas: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01 e 02.  

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, solicitando seja o PLL nº 109/93 adiado em sua discussão por uma Sessão.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A Mesa apregoa Emenda nº 03 ao PLL nº 127/93, de autoria do Ver. Henrique Fontana.

Requerimento, de autoria do Ver. Milton Zuanazzi, solicitando que as Emendas nºs 02 e 03 ao PLL nº 127/93 sejam dispensadas do envio para apreciação nas respectivas Comissões. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2454/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 127/93, do Ver. Milton Zuanazzi, que altera a Lei nº 2758, de 04.12.1964, que estabelece normas técnicas para a inclusão de veículos na frota de transporte coletivo de Porto Alegre e dá outras providências. (Com Emendas nºs 01 e 02.)

 

Pareceres

- da CCJ, Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB, Relator Ver. Lauro Hagemann: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da COSMAM, Relator Ver. Eliseu Santos: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Analisando o Projeto do nobre Ver. Milton Zuanazzi, vejo que há uma intenção muito positiva de tentar coibir os assaltos que ocorrem seguidamente nos veículos de transporte coletivo de Porto Alegre. Apenas fico um pouco preocupado se a dotação desse dispositivo não poderá trazer um sentimento negativo por parte desses assaltantes, muitas vezes, desses viciados que precisam arrumar dinheiro de qualquer maneira para manter seus vícios, para atender às suas necessidades, e não venham a descarregar no cobrador essa sua raiva de não poder ter acesso à féria do dia, ao movimento financeiro de veículo. Eu até gostaria que o Ver. Zuanazzi depois viesse à tribuna e nos esclarecesse mais em relação e isso, ele deve ter mantido contato com o sindicato da categoria, deve ter feito uma análise profunda com a sua assessoria e com aqueles que estão envolvidos em relação ao Projeto. Vejo que, no mérito, o Projeto é extremamente positivo, com a intenção que está colocada, a única preocupação que fica, para mim, neste momento, é a mesma situação, muitas vezes, do assaltante de banco que vai ao banco e força, e, às vezes, até mata o gerente ou subgerente porque não consegue ter acesso ao segredo do cofre, enfim. E aquela intenção que vinha de forma positiva, de preservar a segurança daquele dinheiro, daquele trabalho do dia do cobrador, vem em seu prejuízo.

Esta é a grande interrogação, esta é a grande preocupação que tenho em relação à questão. Tenho certeza que, posteriormente, o Ver. Zuanazzi vai nos trazer esclarecimentos a respeito. Recordo-me as preocupações  com esses tipos de assaltos que são cometidos, esses incidentes que envolvem, justamente, essa tentativa de lesão do patrimônio das pessoas por parte desses assaltantes, há um grande medo generalizado. Inclusive, vários motoristas negam-se a trabalhar durante a noite nos transportes coletivos, fruto desses assaltos permanentes que são feitos, principalmente, nas linhas noturnas do transporte coletivo de Porto Alegre.

Eu diria, neste primeiro momento em que estamos discutindo o Projeto do nobre Ver. Milton Zuanazzi, que vejo uma intenção séria, positiva, responsável do Ver. Zuanazzi em buscar uma forma, uma alternativa de solução.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em que local do ônibus esses cofres seriam colocados?

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Depois o Ver. Milton Zuanazzi vai nos dar um idéia melhor, porque foi ele quem desenvolveu isso. Mas no Projeto ele coloca “em local visível”.

 

O Sr. Edi Morelli: Faz sentido a preocupação do nobre Vereador, em razão de que todos os dias nos noticiários nacionais, carros-fortes de transporte de valores são assaltados no Rio de Janeiro e em São Paulo. Graças a Deus não chegou aqui, mas não está muito longe. O risco de vida, principalmente do cobrador, vai aumentar com a colocação de cofre para segurança do dinheiro do empresário. Na minha atividade profissional, como repórter policial, é sabido que o assaltante, quando está “chapado”, faz qualquer negócio. De repente, o risco de vida do cobrador vai aumentar muito, com a colocação de cofre. É a minha opinião.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Neste sentido é que eu estou trazendo apenas uma dúvida para discussão. Eu vejo o Projeto com simpatia, vejo a intenção positiva do Vereador. Mas, quero me esclarecer mais em relação a isso, para que não estejamos deixando em aberto um outro aspecto que possa criar um conflito maior, essa é a nossa preocupação, por isso eu vou aguardar, na seqüência das discussões, que nos esclareçamos mais com o autor do Projeto, Ver. Milton Zuanazzi. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib para discutir o PLL nº 127/93.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nobre Ver. Edi Morelli trouxe à tona a sua experiência de repórter policial e sabe como acontecem os assaltos nesta Cidade, mas tendo o Ver. Edi Morelli falando sobre a violência dos assaltantes, eu lembro de uma aula que eu tive de um indivíduo que me assaltou. Na televisão ele aconselhava, quando você for assaltado, não se mexa porque o mais nervoso de todos é o assaltante, e ele atira por qualquer coisa, e isso vai acontecer no momento em que o assaltante ficar irritado, porque ele vai ter dificuldade; o cofre não vai ser inacessível a ele porque, conhecendo a indústria automobilística deste País, nós sabemos como são feitas as estruturas metálicas, como são feitas as chapas metálicas que dão proteção apenas contra intempérie. Eu não vejo, na estrutura metálica de um ônibus, local capaz de colocar um cofre que um pé-de-cabra não o arranque. Mas, no arrancar esse cofre, estarei irritando o assaltante, que ficará irritado porque foi fazer um movimento de retirar com pé-de-cabra o cofre que está incrustado e mal soldado.

De qualquer forma ele tira com um pé-de-cabra sem nenhum problema, mas vai perder um pouco de tempo. No momento de acionar essa alavanca, vai sempre surgir um herói querendo fazer um reação. Foi isso que o meu assaltante disse que não deve ser feito. Então, deixa levar o dinheiro e deixa o cobrador inteiro, deixa os passageiros inteiros porque o próprio autor do Projeto de Lei diz que não é só o cobrador que é assaltado; também os passageiros. Mas, vamos assaltar sem violência, pelo menos isso.

Agora, o importante é que o Governo do Estado se conscientize de que há uma necessidade de serem colocados mais soldados nas ruas, de serem dadas melhores condições de salário para os soldados, de serem dados melhores equipamentos para que eles possam oferecer segurança a todos os moradores. Então, não há de ser com o cofre que a situação vai melhorar. Bem lembrou o Ver. Edi Morelli que os carros-fortes não podem resistir às balas dos fuzis AM-15 e aos lançadores de granadas e, agora, estão sendo colocados chapas mais reforçadas. Mas podem ter certeza de que os assaltantes vão buscar armas mais aperfeiçoadas. O que nós precisávamos era impedir que os assaltantes chegassem até o carro-forte, que chegassem até o ônibus e isso se faz com um serviço de segurança que o Professor, aqui, sabe muito bem.

 

O Sr. José Gomes: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª fala em colocar mais policiamento nas ruas. Nós temos um mecanismo que poderia ser acionado junto ao Governo do Estado: era só tirar os policiais inoperantes, que estão nas autarquias do Estado, e colocá-los a trabalhar nas ruas, Vereador.

 

O SR. JOÃO DIB: É uma solução também, nobre Vereador, só que eu não tenho condições de dizer que essa seja a verdade. Mas, que há necessidade de mais policiais militares nas ruas da Cidade, eu não tenho dúvidas; que há necessidade de melhores equipamentos para os policiais militares, o próprio Governador reconhece; que há necessidade de mais policiais civis nas nossas delegacias e nas nossas ruas, com melhores equipamentos, ninguém coloca dúvidas; e que há necessidade de melhores salários para todos eles, ninguém coloca dúvidas.

Agora, não é só isso. É claro que têm que ser dadas outras condições para que os assaltantes não assaltem, como emprego - isso é tudo muito complicado, não dá para culpar esse ou aquele setor - mas a segurança se faria de uma maneira mais correta juntamente com educação e saúde. Segurança, educação e saúde, está tudo resolvido. Mas, isso é muito difícil, vamos levar muito tempo, vamos ter que ter conscientização para isso, agora, não há de ser colocando um cofre no ônibus que nós vamos evitar assalto. O que nós vamos possibilitar é que a violência seja mais acentuada pela fúria dos assaltantes que, drogados, só têm coragem depois de fazer uso de um tóxico qualquer, mas também perdem muito do seu raciocínio. Eles estão voltados para aquele assalto e, qualquer coisa, atiram. Primeiro atiram e depois resolvem. Então, eu pediria que o Projeto, embora as boas intenções do Ver. Zuanazzi, fosse rejeitado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra para discutir.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quando a gente está convencido, acha que não vai haver questionamento. Venho discutindo este Projeto desde que entrou em Pauta. Depois, quando aprovamos o Projeto do Ver. José Gomes, instalando aqueles equipamentos nos ônibus para ser acionada a segurança pública, no caso de assalto a Brigada Militar, também, na época eu já falava nisso. A minha iniciativa partiu de um grupo de cobradores de ônibus. Eles me procuraram, fizeram um abaixo- assinado bastante extenso.

Na época, conversei, aqui neste Plenário, com o pessoal do Sindicato, quando da aprovação do Projeto do Ver. José Gomes. Havia, exatamente, esse nível de preocupação, aliás, Ver. José Gomes, preocupação que tiveram com o Projeto de V. Ex.ª: será que não irritaria o assaltante, e ele, aí sim, faria um ato de violência mais grave? Pode ser, é uma preocupação que todos nós devemos ter. Só que a prática mostrou o inverso. Por isso os cobradores me procuraram. As Cidades que adotaram o cofre, e as empresas - hoje, quase 70% das empresas já possuem - eliminaram o problema dos assaltos a ônibus, aos cobradores e motoristas. Esse é um dado importante. Há também os tradicionais assaltos aos caminhões da Souza Cruz. Acabaram com o problema dos assaltos colocando um cofre, numa lata comum da indústria automobilística brasileira, mas que o motorista assaltado dizia: “Olha, meu amigo, eu sou um trabalhador, não tenho essa chave.” (Aparte inaudível.) Então, que leve o ônibus, Ver. Edi Morelli. Isso é impossível de evitar, a não ser acionando-se o sistema de alarme do Ver. José Gomes. Não há outra forma. Não bastasse isso, a realidade em Porto Alegre veio a mostrar que os cofres são um benefício para o fim dos assaltos.

A NORTRAN, empresa que atende à Zona Norte, adotou os cofres, Ver. João Dib, e tem aqui uma reportagem da “Zero Hora” de 06 de fevereiro que diz assim: “um ônibus é assaltado a cada dois dias”. Perfeito? E aqui está o diretor da NORTRAN dizendo que em 93 a empresa teve quarenta e seis veículos atacados por assaltantes, e esse ano nenhum furto. Lá na NORTRAN, na porta de entrada, tem um aviso que diz: “Esse  ônibus está equipado com cofre e a chave encontra-se na garagem.” Eu achei muito pequeno e o meu Projeto prevê que seja um aviso que possa ser visto de longe, além de junto à bancada do cobrador.

Pode haver a violência do assaltante, irritado, matar o cobrador, é possível que possa haver. Mas o fato é que os cobradores que me assistiram nesse Projeto, dizem que no momento em que isso for divulgado - e isso é rápido para ser divulgado, porque o assaltante anda de ônibus diariamente - que ele não tem a chave do cofre, isso tenderá a se tornar praxe e a tendência é diminuir os assaltos aos ônibus. Ou, no mínimo, ele vai dizer ao assaltante, Ver. Edi Morelli: eu não tenho condições de te passar nada.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É só para fazer uma colocação, quando V. Ex.ª diz que aí eles levam o ônibus também. Ônibus da SOGIL, da VICASA têm suas rotas desviadas, todas as noites tem ônibus assaltado, que levam da Av. Assis Brasil lá para o Jardim Leopoldina, lá para aqueles lados, assaltam todo o mundo e a imprensa não divulga tendo em vista que isso já se tornou corriqueiro, é rotina. Com respeito à Souza Cruz, eles levam o cara e dão um tiro nele, largam num canto aí e levam a Kombi com os cigarros, com o cofre para depois abrir com a furadeira.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Mas não é verdadeiro isso que dão um tiro no cara e levam tudo. Não é verdadeiro. O assalto específico, o motivo do assalto pode não ser mais o dinheiro, pode ser o cigarro, aliás, ele tem valor. A nossa iniciativa é a seguinte: os cobradores de Porto Alegre, as próprias empresas, inclusive a Carris, não fazem mais determinadas rodas à noite. Quem são os prejudicados com a mudança da rota do T-2, por exemplo? Que não pode passar mais nas proximidades da Vila Conceição. Mudaram a rota de várias quadras. Quem é o prejudicado? Se um assaltante invade um ônibus e não consegue pegar a féria, é um motivo a menos para assaltar o ônibus.

Nada vai resolver o problema, Ver. Edi Morelli. V. Ex.ª está exigindo um projeto perfeito, o que é impossível. Estamos tentando aperfeiçoar o sistema antifurto para dificultar o assalto, pois se o assaltante entra no ônibus para roubar a féria é certo que ele aproveita e assalta os usuários; e isto não quer dizer que ele não mate também. Principalmente se houver reação por parte de algum dos usuários.

Eu não gostaria de que vissem o Projeto como uma espécie de proteção do dinheiro do empresário, nossa intenção é de preservar a vida dos cobradores.

 

A Sr.ª Maria do Rosário: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zuanazzi, fui me convencendo, durante a sua explanação, da justeza da idéia, porque realmente temos que dificultar. Se for mais difícil pegar o dinheiro do ônibus é óbvio que as pessoas vão buscar outro tipo de ação, deixando de colocar em risco a vida das pessoas que estão dentro do ônibus e particularmente a vida dos cobradores. O que me preocupa é que às vezes buscamos uma solução milagrosa para a questão; nós não vamos resolver o problema da violência. Mas, dificultando a ação dos assaltantes, estaremos fazendo um bem para todos os passageiros e para os cobradores. Receba o nosso apoio para o seu Projeto.   

 

O Sr. João Bosco: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) A sua idéia é uma boa idéia, receberá o meu voto. A minha preocupação dessa cultura que vai criar quando se vai colocar o cofre, quem assalta está transtornado ou está drogado, não vai ler que o cobrador não tem a chave e a reação dele pode ser uma reação diferente, da agressão.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Pode, Vereador. Que fique registrado nos Anais que a intenção deste Vereador não é proporcionar que aumente esse nível de violência, pelo contrário, a minha intenção é diminuir esse nível de violência. O assaltante transtornado é perigoso com cofre ou sem cofre. Se divulgarmos na Cidade que nos ônibus não existe mais dinheiro de féria por certo haverá diminuição de assaltos. Seria a mesma coisa que pensar que os taxistas que fecharam as suas cabinas não têm direito de fazê-lo. Fizeram porque entenderam que era uma forma de diminuir a violência. Muitas vezes um taxista fechado na cabina se preserva da violência. Ele tem tempo de tomar alguma atitude.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Ruas se inscreve e cede o seu tempo para V. Ex.ª.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Muito obrigado.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Ex.ª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apoio a proposta de V. Ex.ª, pois ela tenta das uma solução, não vamo-nos iludir que vai resolver, talvez não. Preocupo-me com uma coisa. Nós temos na Cidade algumas leis que obrigam os nossos transportadores, a ATP, a colocarem equipamentos, dão prazos para que isto aconteça, infelizmente essas leis são absolutamente descumpridas, por parte dos transportadores, e o descumprimento dessas Leis não é fiscalizado por parte da Prefeitura. O olho, a mão da Prefeitura não chega nesse segmento do empresariado.

Preocupo-me no momento em que V. Ex.ª obriga, com toda exatidão, inclusive Emenda que aumenta o prazo, dado que vem da bancada governista, mas quero saber de V. Ex.ª se houve o assentimento por parte do Executivo no cumprimento desta Lei. Lembro-me de uma Lei que determina a colocação de degraus retrateis e dá prazos de cento e oitenta, que é como ficará a Lei com a Emenda de V. Ex.ª, se até hoje - já faz dois anos - não foi cumprida e ninguém diz por quê. Esta, portanto, é minha preocupação e crítica, não ao Projeto, mas à atuação da Prefeitura, para que o projeto de V. Ex.ª não caia, também, neste vazio.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Ver. Wilton, a preocupação de V. Ex.ª é corretíssima. Já cobrei, desta tribuna, determinadas legislações, principalmente na área da SMT. No primeiro semestre deste ano, tivemos uma discussão a respeito dessas leis não regulamentadas e o Prefeito Tarso Genro, num gesto de respeito à Câmara, remeteu um conjunto de leis, regulamentando-as aqui, o que nos deu um certo alento de uma nova relação entre Executivo e Legislativo. De nossa parte, houve, inclusive, um certo aplauso. Em nível de SMT, porém, continuam não sendo implantados os degraus. Já cobrei diversas vezes a colocação de ventiladores para os motoristas e cobradores, que é uma lei homologada pelo Prefeito Olívio Dutra e não implantada.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zuanazzi, o resultado da aplicação dessa lei é incerto, pois abrange um grupo operacional de pessoas que sai de qualquer parâmetro melhor definido. No entanto, acredito que, mesmo com a preocupação do Ver. Edi Morelli e do Ver. João Dib, de que talvez irrite os assaltantes, isso aconteça apenas no começo. Mas, posteriormente, na medida em que todos conheçam as dificuldades em efetuar o assalto, haverá uma tendência clara de reduzir os assaltos.

Outro argumento, se me permite: estive, há pouco, conversando com o Ver. Antonio Hohlfeldt para saber qual o valor da féria, qual o valor da arrecadação de um cobrador? O valor que calculamos ali é tão baixo que eu até acho que está errado, mas pela experiência do Ver. Antonio deve ser verdadeiro. Chegamos a um valor de 23 mil cruzeiros, além daquilo que, evidentemente, ele leva para troco. Ora, então não dá para comparar a situação de um assalto a um carro forte, o aparato que se monta para assaltar um carro forte, pela diferença de valor. Então, nunca haverá aquela parafernália. Termino apoiando o projeto de V. Ex.ª.

 

O Sr. Nereu D’Avila: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Dois argumentos apenas, Vereador. O primeiro é que o argumento contrário ao seu Projeto e de diversos Vereadores é hipotético, é de que drogado não respeita nada. Esse argumento não é dinâmico, ele não tem eficácia porque elabora em cima de uma hipótese e eu elaboro em cima de outra: se eles matam, às vezes porque não tem o suficiente ou porque estão drogados, não tendo o objeto que eles querem, a hipótese é de que eles nem entrem no ônibus se eles souberem que não têm o que assaltar, ou melhor, quem assaltar. O cobrador, aí, está despido de qualquer coisa. Se a lei é das probabilidades, a probabilidade é inversa. Segundo, também, é que V. Ex.ª disse que os cobradores, e isso me chamou atenção, estão solicitando. Ora, se a própria parte que vai ser eficaz, por que nós, e não custa nada aprovarmos essa lei, vamos obstaculizar se eles é que estão com risco de vida e não nós? Então, o que abunda não prejudica. Eu sou francamente favorável ao Projeto.

 

O Sr. João Bosco: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Reforçando a defesa que V. Ex.ª faz do seu Projeto, eu já disse que vou votar favoravelmente, embora com algumas dúvidas. O parecer do nobre Ver. Isaac Ainhorn diz que enviou para diligência o órgão responsável pela operação do sistema de transporte coletivo por ônibus, em parte respondendo também à indagação do Ver. Wilton Araújo, e esse órgão se manifestou favoravelmente à sua idéia, sugerindo que se coloque em lugar visível, na parte externa do ônibus, o aviso da presença do referido dispositivo de segurança. Então, a SMT é favorável segundo o relato do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Também acho que é importante dizer que essas Emendas, duas delas são com pedido meu e do Ver. Henrique Fontana para que não tenha apreciação da Comissão de Constituição e Justiça, já que são emendas que não alteram em nada o Projeto, só aumentam o prazo de instalação. Eu tinha dado um prazo mais rigoroso, o Ver. João Verle apresentou uma Emenda aumentando esse prazo e o Ver. Henrique Fontana também. Eu concordei para nós termos aqui uma solução.

A minha iniciativa é dar guarida a uma vontade de setores da categoria que se sentem ameaçados porque eles dizem que essas pessoas entram. Se a féria, Ver. Guilherme Barbosa, pode ser no máximo de 40 ou 50 mil cruzeiros, mas, às vezes, são 10 mil ou 2 mil cruzeiros reais, o cara coloca o revólver na cada dele e diz: tu estás mentindo, tu tens dinheiro escondido. Às vezes, ele recém entrou no ônibus; para um assaltante tudo pode ocorrer e achar que há mentira naquele pequeno valor que está recebendo. O cofre é uma salvaguarda do cobrador. Ele pode dizer: “Infelizmente não tenho dinheiro nenhum a não ser o troco.”

Eu tive a preocupação com a Lei do Troco e falei com três empresas e recebi a informação de que quanto a isso, ao contrário, não haveria problema, porque o cobrador, chegando ao final da linha, ele tem um sistema de estabelecer o troco e eles fazem a troca de determinado dinheiro e colocam no cofre da féria e deixam o volume de troco ao cobrador. De forma que eles têm trabalhado dessa maneira até para não aumentar o volume de troco.

Quanto aos vales-transporte e passagem escolar, seria uma maravilha porque há muito roubo nesses assaltos; às vezes até maior que a própria féria. Há muito trabalhador lidando com a passagem escolar e vale-transporte e passam a mão, roubam deles. No cofre, também acabaria esse tipo de roubo. Isso, na verdade, é uma salvaguarda para quem está dentro do ônibus.

Não sei se esclareci a todos, agradeço o espaço que me concedeu o Ver. Pedro Ruas e eu acredito que não é uma panacéia para resolver os assaltos de Porto Alegre. É uma tentativa de melhorar e qualificar essa relação do transporte coletivo com os nossos usuários e aqueles que trabalham dentro do ônibus. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Gomes está com a palavra para discutir o PLL nº 127/93.

 

O SR. JOSÉ GOMES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho o maior prazer em discutir o Projeto do Ver. Milton Zuanazzi e em trazer um dado muito importante, que é a prevenção que esses cofres irão trazer, além de ajudar os cobradores que verão com bons olhos esse Projeto. Quero exemplificar com a porta automática contra assaltos, que foi colocada numa agência da Caixa Econômica Federal na Av. Bento Gonçalves. Depois da instalação desta porta, a Caixa nunca mais sofreu um assalto. Ora, sabemos que, com o poderio de armas de fogo que os marginais têm, eles poderiam entrar na caixa e assaltar normalmente, mas a porta está inibindo a ação do delinqüente e do assaltante.

É com esse espírito que estamos olhando o Projeto do Ver. Milton Zuanazzi. Se numa agência bancária, onde o volume de dinheiro é muito maior, um cofre blindado inibirá mais ainda num veículo de transporte coletivo. Não adianta argumentar que o marginal ficará irritado, porque não consegue pegar o dinheiro. O dado que o Vereador traz, mostrando que em São Paulo diminuiu 70%, já seria suficiente para que essa Casa se sensibilizasse, aprovando o Projeto do Ver. Milton Zuanazzi. Falo como ex-policial. As mortes que têm acontecido por ação dos marginais nos assaltos a bancos, ocorrem por rixas anteriores. Em diversas ocorrências que tive que atender, ficou constatado que as ações eram provenientes de rixas. A ação do marginal no assalto visa só o dinheiro.

Na Emenda nº 02 e na nº 01 diz que o cobrador deverá colocar no cofre parte do dinheiro, ou seja, não coloca todo o dinheiro para não causar a fúria do marginal e para manter o troco. Essa iniciativa é louvável, assim como é louvável o Projeto do Ver. José Alvarenga, que instituiu a porta automática nos bancos, o que inibiu os assaltos. Estou dando exemplo de uma agência da Caixa Econômica Federal, na Bento Gonçalves, que reduziu a zero os assaltos, depois da colocação dessa porta. Esse Projeto, Ver. Milton Zuanazzi, vai reduzir sim, e vai colaborar com a segurança. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra. Desiste. Colocamos em votação a prorrogação desta Sessão, por duas horas. Os Srs. Vereadores que aprovam a prorrogação permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

O Ver. Clóvis Ilgenfritz está com a palavra para discutir.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de registrar que, como membro da Comissão de Transportes, Habitação e Urbanismo, nós discutimos com uma Comissão de representantes dos trabalhadores, representantes dos sindicatos de trabalhadores, e também como representantes dos trabalhadores das empresas da Carris, e havia, na primeira discussão que se fez, uma dúvida ainda grande. Acredito que o Ver. Milton Zuanazzi saiba bem disso, pois eles estavam divididos, com medos difíceis de serem quantificados, sobre o que realmente poderia acontecer. As discussões continuaram, os exemplos foram buscados, e o principal, que foi colocado aqui pelo Ver. Zuanazzi, que é esse da NORTRAN, que conseguiu provar, de forma cabal, que se bem feito, é realmente inibidor do assalto. Procuramos, desde aquele momento, conversar com vários cobradores, alguns que eu já conhecia, que me disseram que preferiam esse dispositivo. Na bancada a discussão rolou; também ouvimos as manifestações do Ver. Guilherme, do Ver. Fontana, do Ver. Verle e assim por diante. Eu acho que o Projeto, realmente, é de interesse público e a questão da segurança, todos os que usam ônibus, à noite, sabem o quanto é complicado. Então, nós aprovamos o Projeto do Ver. Zuanazzi, depois de toda a negociação que houve. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLL 127/93; votação nominal por solicitação do Ver. Pedro Ruas. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 23 votos SIM, 1 ABSTENÇÃO.

Em votação a Emenda nº 1. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, contra o voto do Ver. João Dib.

Em votação a Emenda nº 2. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. João Dib e contra o voto do Ver. Antonio Hohlfeldt.

Em votação a Emenda nº 3. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA, com abstenção do Ver. João Dib e voto contrário dos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Nereu D’Ávila.

Requerimento de autoria do Ver. Milton Zuanazzi, requer dispensa de distribuição em avulsos e interstício para a sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2783/93 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 141/93, do Ver. Isaac Ainhorn, que declara de utilidade pública a Sociedade de Música e Orquestra de Câmara - SOMÚSICA.

 

Pareceres

- da CCJ, Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CEC, Relator Ver. Jocelin Azambuja: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 141/93 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, solicitando que o PLL nº 141/93 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovação nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0240/94 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 003/94, do Ver. Guilherme Barbosa, que denomina Rua Adão Gomes Peixoto um logradouro público localizado na Bairro Teresópolis.

 

Parecer

- da CCJ, Relator Ver. João Motta: pela aprovação;

- da CUTHAB, Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação;

- da CEC, Relatora Ver.ª Helena Bonumá: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 003/94 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimento, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando seja o PLL nº 003/94 dispensando de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Requerimentos encaminhados à Mesa.

 

(Procede-se à leitura dos Requerimentos de Votos de Congratulações.)

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, na forma do art. 101, § 4º, eu gostaria de acrescer o meu nome às homenagens de Fernando Veronese e Samuel Burd.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib acrescentando o seu nome à homenagem do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Da minha parte, Ver. Dib, é uma honra ter o nome do Ver. João Dib no meu Requerimento.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Sr. Presidente, da mesma forma que o Ver. João Dib aditou, gostaria de colocar o nome da Secretária Neuza Canabarro no Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. PRESIDENTE: Aí é diferente, Vereador, aí não é nos mesmos termos. O que o Ver. João Dib pediu foi para que o nome dele fosse acrescentado à homenagem que foi prestada nesta Casa. O que V. Ex.ª pede é que seja incluído mais um nome para ser homenageado. Aí seria um outro Requerimento, Vereador.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Eu posso fazer o Requerimento agora, neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE: Não neste momento, não. O Requerimento tem que ser processado. Ver. Isaac Ainhorn, Questão de Ordem.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, nesta Casa, em inúmeros momentos, existe normalmente um encaminhamento em relação aos requerimentos que devem, como sabiamente V. Ex.ª afirmou, ser processados através do protocolo e demais trâmites regimentais. No entanto, em alguns casos excepcionais, a critério do Presidente, é recebido o Requerimento em função de uma excepcionalidade. Eu entendo que é o caso que se aponta, em que o Ver. Mário Fraga pretende requerer que se estenda a mais uma ganhadora dessa concessão.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Com certeza eu vou fazer o voto em separado, com certeza. Só que eu gostaria que fosse agora.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Mário Fraga, esta Presidência abre, para V. Ex.ª, uma exceção, que foi requerida pelo Ver. Isaac Ainhorn, e pede que V. Ex.ª escreva o requerimento para que possamos colocar em votação.

Em votação o Requerimento do Ver. Milton Zuanazzi, Voto de Congratulações com o jornalista Augusto Nunes. (Lê.)

 

O SR. MÁRIO FRAGA (Questão de Ordem): Fui à Assessoria Legislativa e eles me informaram que não posso fazer, agora, manualmente. Posso ou não posso fazer? Pode entrar na Sessão ou não pode?

 

O SR. PRESIDENTE: Nós dissemos a V. Ex.ª que poderia fazer manualmente. Peço que a Assessoria inclua, só que individualmente, ele não vai entrar junto, ele vai ser votado como muitos requerimentos já foram votados aqui nesta Casa, que deram entrada desta forma intempestiva, não entrando nos trâmites normais da Casa.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Já me aconteceu fato semelhante, quero esclarecer o seguinte: nós não podemos passar por cima das normas que existem na Casa. Se o Vereador fizer o seu Requerimento, ele vai fazer manuscritamente, e se for aprovado ele vai manuscritamente? Porque isto já me aconteceu por duas ou três vezes, e até não pude entrar com os Requerimentos, porque não dava tempo de entrar aqui na ordem, ele tem que ser datilografado, porque, depois de aprovado, ele é enviado da forma que foi apresentado aqui.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Jocelin Azambuja, nada impede que depois de nós terminarmos a Sessão este mesmo Requerimento seja redigido nos padrões normais da Casa e que as assinaturas sejam colhidas novamente. Nada impede que isso aconteça.

Em votação o Requerimento do Ver. Milton Zuanazzi, de Voto de Congratulações com o Jornalista Augusto Nunes. (Pausa.) O Ver. Milton Zuanazzi está com a palavra.

 

O SR. MILTON ZUANAZZI: Sr. Presidente, a Sessão já vai para 18h27min, mas eu fiz este Voto de Congratulações, e pediria a atenção dos nobres colegas, inclusive da minha Bancada.

Eu viajava para minha terra, agora, no dia 22 de março, escutando o Programa Atualidade da Rádio Gaúcha, do Armindo Antônio Ranzolin, e ouvi uma entrevista com o Jornalista Augusto Nunes. E, nesta entrevista, o Jornalista Augusto Nunes declara, na Rádio Gaúcha, nos seus 100 quilowatts, que, na verdade, teria que haver uma CPI da imprensa brasileira, coisa que eu concordo plenamente. Que estavam aí atrás do Congresso, atrás do Presidente da República, dos Políticos, dos empreiteiros, enfim, de todo o mundo, e que não faziam e nunca se falava numa CPI da imprensa, e que havia muita sujeira dentro dos órgãos de imprensa. Eu até comecei a me assustar.

Sou um contumaz crítico de Augusto Nunes aqui, nesta tribuna. V. Ex.ªs sabem disso. E foi mais além. Ele disse que recebeu um tentativa de suborno para dar uma determinada notícia na “Zero Hora”, que ele se negou, e, por incrível que possa parecer, a mesma notícia saiu, no outro dia, no “Globo” e na revista “Veja”. Ora, isto é de uma gravidade, dita por um editor da responsabilidade do Augusto Nunes, extremamente grande! Eu até esperava, no outro dia, que a “Zero Hora” largasse, de manchete, uma denúncia contra o jornal “O Globo” e contra a revista “Veja”, que, no mínimo, merecia, por parte do Congresso Nacional, uma iniciativa imediata de uma CPI nesses órgãos. Ver. João Dib, eu pediria a V. Ex.ª que escutasse, em função da gravidade. Mas nós somos meros Vereadores de Porto Alegre, não podemos reivindicar uma CPI na imprensa brasileira, nem no “O Globo”, nem na revista “Veja”. Achei que a iniciativa que nós poderíamos tomar seria a de fazer um Voto de Congratulações. É o primeiro editor de um grande jornal - o Augusto Nunes o é, da “Zero Hora” - que abre uma denúncia desta magnitude! E eu já pedi a um deputado federal de PDT que inicie um movimento. Nós temos feito duras à imprensa, como comprometida neste País. E o Sr. Augusto Nunes declara que levou uma tentativa de suborno para dar uma notícia no “Estado de São Paulo” e que no outro dia foi publicada no jornal “O Globo” e na revista “Veja”. No mínimo, isto merece uma profunda investigação. E ele chegou a falar em CPI. Então me pareceu que, da nossa parte, um simples Voto de Congratulações, pela iniciativa, merecia o nosso reconhecimento, da Casa do Povo de Porto Alegre.

Foi esta a minha iniciativa. Espero, com esta explicação, ter contribuído. A nossa Bancada, o PDT, tem contumazmente, feito críticas à linha editorial do Sr. Augusto Nunes. E eu, da tribuna, já me referi três vezes, consta nos Anais desta Casa. O companheiro Brizola tem críticas a essa linha editorial, mas neste aspecto vamos dar a mão à palmatória, o Sr. Augusto Nunes está tentando contribuir com o processo de limpeza deste País. E nós devemos nos congratular com isto, independente de divergências passadas ou futuras. Neste ponto merece o nosso Voto de Congratulações, que ele não desista, porque acredito que já deva estar sendo pressionado para desistir. Era isso, muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt para encaminhar.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Muito especialmente o Ver. Zuanazzi, pela seriedade e combatividade, que merece toda a nossa atenção. Sou jornalista profissional com mais de trinta anos de carreira. Tenho visto ao longo de décadas companheiros, Deputados, Senadores, o Governo Brizola, mais do que ninguém hoje em dia, baterem sempre numa tecla que diria que já se tornou um item do programa e das idéias fixas do antigo PTB e do atual PDT, que é a imprensa. Foi graças ao PTB, depois ao PDT, que se prosseguiu as denúncias sobre o acordo Globo-Time Life, e se conseguiu chegar nisso. Foi graças ao PTB e ao PDT, ao longo de anos, que muitas coisas foram levantadas em torno dos grandes blocos de comunicação nesse País. Portanto, acho que existe uma coerência dentro da proposta do Ver. Milton Zuanazzi. Em princípio, acho que a proposta é importante, agora, quero trazer só uma dúvida: que desde o dia que ouvi e depois li a notícia, por que demorou tanto tempo para acontecer a revelação? Era isso. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Em votação. A  votação será nominal. (Após a chamada.) REJEITADO por 7 votos SIM, 1 voto NÃO e 8 ABSTENÇÕES.

Declaração de Voto do Ver. Elói Guimarães.

 

“Declaração de Voto

Voto pelo que disse e não por quem disse.

(a) Ver. Elói Guimarães.”

 

O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): O Requerimento de votação nominal não tem que ser submetido previamente ao Plenário?

 

O SR. PRESIDENTE: Não, ele é deferido de pleno pela Mesa.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Votos de Congratulações, conforme consta na Ata.)

 

Voto de congratulações com o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, pela concessão do Título de Conselheiras Honorárias do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, às Sr.ªs Ione Pacheco Syrotski e Magda Renner, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja.

Com a palavra para encaminhar, o proponente, Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que esta Casa não poderia deixar de prestar uma homenagem a duas figuras marcantes, como mulheres, que têm uma vida e um passado dedicado a esta Cidade, dedicado à defesa dos direitos das mulheres. Um trabalho social, um trabalho comunitário, um trabalho ecológico. Um trabalho, enfim, que tem destacado a Dona Ione Pacheco Syrotski que Preside, inclusive, a Fundação do mesmo nome e a Dona Magda Renner, figuras todas destacadas e conhecidas por todos nós. E a nossa congratulação com o Conselho dos Direitos da Mulher foi exatamente por essas personalidades. Claro que não poderíamos fazer a homenagem, que o Conselho fez, à terceira indicada, que foi a Secretária, Primeira-Dama, Neuza Canabarro, porque, realmente, ela não está à altura de tal homenagem, no nosso entendimento.

Ela realmente não tem contribuído para a defesa dos direitos das mulheres, não tem preservado o direito das mães, não tem preservado a postura de Primeira-Dama, não tem preservado a postura de Secretária de Educação, não tem preservado, justamente, a postura que deve ter uma mulher que lute em favor da preservação dos direitos. Por isto que o nosso Voto de Congratulações, e por isto que pedimos a esta Casa que este seja destinado, exclusivamente, às Senhoras Ione Sirotski e Magda Renner, que devem merecer o reconhecimento desta Casa. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero encaminhar favoravelmente ao Voto de Congratulações proposto pelo Vereador Jocelin Azambuja, principalmente no que trata à exclusão que ele promove em relação à Primeira Dama do Estado, que se arvorou como Secretária de Educação do Estado de Rio Grande do Sul.

Lamentavelmente, o Conselho Estadual dos Direitos de Mulher não é mais aquele órgão de representação e encaminhamento das políticas públicas em defesa da mulher e contra a discriminação. O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, tão bem dirigido pela companheira feminista Lícia Peres, até o ano passado, que tanto orgulhou as cidadãs gaúchas, por dificuldades no seio do Governo, deixou de ser um espaço de representação da luta das mulheres e se tornou talvez um espaço de defesa dos interesses, como de sorte todo o Governo, da Primeira Dama do Estado do Rio Grande do Sul.

Lamentamos a consideração que o Conselho fez à Secretária e Primeira Dama, como Conselheira Honraria. É verdade que é uma mulher que ocupa um espaço e uma larga fatia de poder em nosso Estado, mas não ocupa este poder, honrando a representação feminina. Não ocupa este poder promovendo às mulheres a possibilidade de melhores condições de vida e superação da situação de discriminação. Eu diria que a Primeira Dama do Estado do Rio Grande do Sul, e que certamente só é Secretária porque é Primeira Dama, não tem tido condições, no exercício da função pública, de representar adequadamente a mulher gaúcha, e por isso, Ver. Jocelin Azambuja, quando da sua proposição nós temos a oportunidade de concordar e saudar V. Ex.ª, porque esta aprovando o seu Voto de Congratulações, com elegância diz: Algumas mulheres deste Estado têm e merecem espaço porque promovem as outras mulheres. Outras ocupam espaços públicos, pela sua proximidade, pelo seu casamento e, lamentavelmente, não engrandecem a presença de mulher na função pública.

Eu não vou aceitar as provocações de baixo calão do Ver. Isaac Ainhorn, porque estou aqui defendendo a minha posição. É lamentável que muitas mulheres com poder e tal autoritarismo, que negam a luta das mulheres pela emancipação, e que na emancipação das mulheres contribuem para a emancipação dos povos, para a emancipação de homens e mulheres para uma nova cidadania. Não é nessa perspectiva que a primeira dama do Estado ocupa a Secretaria da Educação. É na perspectiva do autoritarismo. Portanto, ela não confirma o que é feminino no exercício do poder. Ela exerce o poder numa perspectiva autoritária, despotista, contrária aos interesses da população inteira do Estado do Rio Grande do Sul.

Portanto, esta Câmara nega à Secretária o Voto de Congratulações pelo encaminhamento do Ver. Jocelin Azambuja, e tem todo o nosso apoio. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Questão de Ordem com o Ver. Mário Fraga.

 

O SR. MÁRIO FRAGA (Questão de Ordem): Solicito à Presidência verificação de “quorum”.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Nobre Presidente, Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª que tem se caracterizado na Presidência dos Trabalhos sempre como um democrata e um homem que respeita todos os Vereadores, acho que deve considerar que há um Vereador na Tribuna que iniciava sua locução. Solicitaria de V. Ex.ª, que é um “gentleman”, que ouvisse primeiro a manifestação do Ver. João Bosco Vaz, e tão logo ouvíssemos, fizéssemos a verificação de “quorum”.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac, o Ver. Mário Fraga pertence à mesma Bancada do Ver. João Bosco Vaz, foi uma dissidência na Bancada.

 

O SR. MÁRIO FRAGA: Sr. Presidente, não foi dissidência não, com todo o respeito que tenho ao Ver. João Bosco, que está na tribuna, retiro minha Questão de Ordem.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver Jocelin Azambuja.

 

O SR. JOÃO BOSCO: Refiro-me à Ver.ª Maria do Rosário, para dizer-lhe que esta Câmara não negou um Voto de Congratulação à Secretária Neuza Canabarro porque não foi proposto esse Voto. Voto com a proposta do Ver. Jocelin para outras duas homenageadas, só que não estava em jogo, aqui, a Secretária Neuza Canabarro, e o Ver. Jocelin trouxe o assunto aqui. Acho que é uma descortesia, uma falta de consideração porque, através de todos os argumentos que a Ver.ª Maria do Rosário utilizou em relação à Secretária Neuza Canabarro, as pessoas que deram a ela esse título entenderam que ela merecia.

Então, não está em jogo, nesta Casa e nesta tribuna, o trabalho da Secretária Neuza Canabarro na Secretaria da Educação, e sim o trabalho assistencial através do CAAC, as iniciativas dela, por isso ela foi destacada com as outras duas homenageadas. Então errou o Ver. Jocelin Azambuja? Não. Ele não quis colocar o nome da Secretária - que é um direito dele -  mas não deveria ter vindo à tribuna explicar por que não havia colocado o nome da Secretária. E a Ver.ª Maria do Rosário também errou, V. Ex.ª também errou, porque diz que esta Casa está negando um título que nem foi apresentado. Não foi apresentada proposta alguma. Então, não está sendo colocado em jogo o trabalho. V. Ex.ª ri ironicamente; eu posso jogar pesado com V. Ex.ª, com o seu partido, mas não vou fazer V. Ex.ª foi de uma descortesia tamanha, dizendo que ela só é Secretária da Educação porque é casada com o Governador; V. Ex.ª tinha que ter mais respeito e não teve respeito com a autoridade estadual. Não compete à Câmara de Vereadores falar sobre o casamento do Governador e da Secretária de Educação. Se o Ver. Jocelin Azambuja saiu do PDT porque brigou com a Secretária Neuza Canabarro, porque tinha a intenção de ser o Secretário da Educação, e não foi, é um problema dele; eu respeito. Vou votar com o seu voto, para as outras duas homenageadas. Só que V. Ex.ª também foi descortês ao querer explicar por que não colocou lá a Secretária, só isso. Ela é uma autoridade estadual, como tem autoridades municipais de que não gostamos e respeitamos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Eu pediria ao Ver. João Bosco Vaz que mantivesse o tratamento que é regimental, dentro do Plenário. Eu exijo isso dessa Presidência.

 

O SR. PRESIDENTE: Está suspensa a Sessão.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 18h43min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 18h45min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, eu fui ofendida, o decoro parlamentar foi ferido nesta Sessão e peço providências cabíveis. Não vou, absolutamente, desconsiderar o que houve aqui. Eu dei uma opinião política, para o que fui eleita, da tribuna desta Casa, e exijo respeito. Fui profundamente desrespeitada pelo meu colega. Não respondi à altura, somente me defendi, por isso, baseada não sei em que artigo, peço que a Direção Legislativa da Casa veja que processo pode ser desenvolvido no sentido de que o Vereador venha a retirar as acusações que me fez e as acusações que fez, inclusive, a meus familiares.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu pediria que os Vereadores me ouvissem pelo menos durante um minuto. Eu acredito, Ver. João Bosco, que V. Ex.ª, com todo o respeito que me merece e com toda amizade que tenho por V. Ex.ª, quando citou a vida particular da Ver.ª Maria do Rosário, tenha cometido um exagero. E para que possamos seguir um relacionamento de Plenário, peço a V. Ex.ª, que é uma pessoa de bom senso e que tem uma boa amizade conosco, que retire os termos que utilizou da tribuna quando se dirigiu à vida particular da Vereadora. Assim também eu pediria que os termos utilizados pela Vereadora com referência à vida privada do Sr. Governador do Estado e da Secretária, sejam retirados, porque nada abrilhantam os Anais desta Casa.

 

O SR. JOÃO BOSCO: De minha parte não há problema. Retrato-me com V. Ex.ª. Se ela não quiser retirar, que não retire. Eu, de minha parte retiro. Tenho grandeza suficiente.

 

O SR. PRESIDENTE: Agradeço a V. Ex.ª.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, lamentavelmente, existem situações em que não basta dizer-se que tem grandeza e retirar. São muito fundas e são de ordem de discriminação à figura da mulher dentro desta Casa. Não retiro o meu pronunciamento da tribuna desta Casa, porque não tive qualquer intenção de ofensa ao Sr. Governador e à Secretária de Educação. É uma opinião política que tenho sobre o exercício do Governo do Estado, que não é a primeira vez que dou da tribuna desta Casa. Portanto, não retiro, sob pena de estar assentindo com a cassação daquilo que é uma opinião política que considerei da tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE: Pois não, Vereadora. Eu só fiz uma solicitação e que foi aceita pelo Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, já estamos no segundo ano de mandato desta Legislatura, temos o maior respeito pelas figuras dos Srs. Vereadores. Às vezes, há divergências em Plenário. Acho que, fundamentalmente, as discussões são políticas. Tanto a manifestação da Ver.ª Maria do Rosário quando a do Ver. João Bosco Vaz, apesar de assim não entender, e é um direito dela, a Ver.ª Maria do Rosário, que não era política a manifestação do Ver. João Bosco Vaz, ambas, na realidade, são manifestações políticas. Nós temos que lutar por esse princípio. É inviolável por seus direitos e pelas suas manifestações da tribuna. Temos que respeitar a palavra do Vereador, sob pena de estarmos recuando para os tempos do obscurantismo e do arbítrio.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. João Bosco Vaz já consentiu em retirar as palavras dirigidas à Ver.ª Maria do Rosário com relação a sua vida particular. Está encerrado o episódio com relação à Ver.ª Maria do Rosário e ao Ver. João Bosco Vaz.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Havia um Requerimento de verificação de quórum.

 

O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: É apenas para uma Requerimento, deixei passar o momento oportuno, acredito que ainda é possível. O Ver. Antonio Hohlfeldt consentiu que eu assinasse o Requerimento de homenagem ao Sr. Samuel Burd. Eu só quero que conste a minha assinatura.

 

O SR. PRESIDENTE: Correto. O Ver. Clovis Ilgenfritz, com o consentimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, também assinará o Requerimento que homenageia o Dr. Samuel.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): A exemplo das manifestações do Ver. Antonio Hohlfeldt e João Dib, também gostaria de subscrever a mesma petição.

 

O SR. PRESIDENTE: Com o consentimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, também V. Ex.ª subscreve esta moção.

Verificação de quórum. (Pausa.) Não há quórum para o prosseguimento dos trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h04min.)

 

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